A artista plástica Kawara Welch, 35 anos, foi presa no início deste mês acusada de stalking e ameaças contra um médico, culminando em uma série de eventos que perturbou a vida da vítima e de sua família desde 2019.
O médico, que preferiu não ser identificado, relatou que conheceu Kawara em 2018, durante um atendimento para tratar problemas de depressão. A partir de então, o comportamento de Kawara tornou-se cada vez mais intrusivo. “Ela ficava me esperando na esquina do meu trabalho e chegou a invadir minha clínica várias vezes”, afirmou o médico.
A situação piorou quando Kawara obteve o número do celular do médico e começou a enviar mensagens e fotos perturbadoras, incluindo imagens dela mesma com lençóis e cordas no pescoço. “Ela me mandava até 1.300 mensagens e fazia mais de 500 ligações em um único dia”, contou ele.
Em 2022, a perseguição culminou em violência física quando Kawara invadiu o consultório do médico e agrediu sua esposa. No ano seguinte, outra invasão ocorreu, resultando em mais confrontos e acusações de roubo. O médico registrou 42 boletins de ocorrência ao longo dos anos, e Kawara chegou a assinar um acordo com o Ministério Público para cessar a perseguição, mas não cumpriu.
Kawara foi presa em flagrante recentemente, mas foi liberada após pagar uma fiança de R$ 3.500. Em março de 2023, a Justiça determinou sua prisão preventiva por furto de celular e descumprimento de medidas cautelares. Após ficar foragida por mais de um ano, Kawara foi finalmente presa em Uberlândia, onde estudava nutrição.
A polícia descobriu que Kawara utilizava um software para clonar números de telefone, muitos deles pertencentes a um programa municipal de tablets, indicando possível envolvimento de um hacker. “Ou ela tinha ajuda de um hacker, ou ela mesma é um”, declarou o delegado Rafael Faria.
O advogado de Kawara alega que houve um envolvimento romântico entre ela e o médico, algo que ele nega categoricamente. O delegado do caso também não acredita na existência de tal relacionamento, destacando que, mesmo que houvesse, isso não justificaria as ações de Kawara.
Não há laudos psiquiátricos anexados ao processo sobre o estado mental de Kawara. O psiquiatra Daniel Barros explicou que stalking é um comportamento criminoso que pode ou não estar relacionado a transtornos psíquicos.
O médico e sua família estão em tratamento psicológico para lidar com os efeitos do stalking. “Há um ano, eu e minha esposa estamos em tratamento para controlar o pânico”, contou ele. (Com Fantantico)