A obstetra e influenciadora digital Anna Beatriz Herief está no centro de uma série de denúncias por violência obstétrica após relatos de complicações graves em partos que conduziu. O caso veio à tona no programa Fantástico, da TV Globo, do último domingo (20.04), que apresentou relatos de mulheres que afirmam ter sofrido danos físicos e psicológicos durante atendimentos com a médica.
Uma das denúncias é da nutricionista Roberta Rodrigues Mendes, que precisou passar por uma cesariana de emergência e afirma ter sofrido um erro cirúrgico com consequências permanentes. Segundo Roberta, durante o procedimento, uma artéria foi costurada ao ureter, estrutura responsável por conduzir a urina dos rins até a bexiga.
“Costuraram a minha artéria no meu ureter. Eu sinto dores e são coisas que vou carregar pra sempre”, relatou a paciente.
Mesmo após receber alta, Roberta continuou a sentir dores intensas e dificuldades para respirar. Uma tomografia revelou o problema, e o caso passou a ser acompanhado por um perito contratado pela defesa da paciente. O laudo médico, assinado pelo obstetra Ivo Costa Júnior, aponta demora na cirurgia, perda sanguínea significativa, erro técnico, ausência de comunicação e sinais de negligência, imprudência e imperícia por parte da equipe médica.
O caso ganhou mais repercussão quando a médica publicou em suas redes sociais um vídeo do parto de Roberta, usando-o como exemplo de “parto humanizado”. A paciente diz que a publicação foi feita sem consentimento e que o uso da gravação agravou ainda mais o trauma.
“Essa mesma médica pegou o vídeo do meu parto e postou nas redes sociais com a legenda ‘humanização é isso’”, contou Roberta.
Diante das denúncias, o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) suspendeu o registro profissional da médica por seis meses, medida que foi renovada recentemente por igual período, enquanto tramita o processo de cassação definitiva.
A defesa da médica nega qualquer irregularidade. O advogado Matheus Chiocheta afirma que “não há que se falar em negligência ou imprudência”, e que os procedimentos conduzidos por sua cliente seguiram os padrões médicos e estão “dentro dos riscos inerentes ao parto”.
Já a advogada das vítimas, Roberta Milanez, promete acionar a Justiça com pedidos de indenização por danos morais e materiais. Ela afirma que o caso não é isolado e que outras mulheres também relataram complicações após partos com a obstetra.
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