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VGNE Segunda-feira, 16 de Dezembro de 2024, 10:54 - A | A

Segunda-feira, 16 de Dezembro de 2024, 10h:54 - A | A

Após alta

Lula lembra do susto, critica juros altos e reafirma compromisso com responsabilidade fiscal

Presidente foi operado na última terça (10) para conter sangramento dentro do crânio.

Redação/VGN

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) planeja retornar em breve à rotina normal de trabalho em Brasília. O petista está afastado — ao menos fisicamente — do Palácio do Planalto desde a última semana.

Ele foi submetido, na madrugada de terça-feira (10), a uma cirurgia de emergência para drenar um hematoma entre o cérebro e uma das membranas que envolvem o órgão.

Depois de seis dias internado, Lula recebeu alta hospitalar na manhã deste domingo (15).

Em entrevista exclusiva ao Fantástico, o presidente afirmou estar "totalmente bem" e sinalizou para a possibilidade de retomar compromissos na capital federal depois desta quinta (19).

"Vou ficar até quinta-feira [19], porque eu tenho que fazer uma nova tomografia. E eu quero fazer no mesmo lugar que fiz as outras. Aí, eu vou para Brasília para trabalhar normalmente", declarou.

Ao retornar, Lula encontrará desafios, principalmente na agenda econômica do governo.

A área tem sido alvo de críticas que se tornaram mais frequentes durante as negociações do pacote de medidas para controlar o aumento de gastos públicos.

As propostas de corte nas contas, encaminhadas ao Congresso pelo Palácio do Planalto, elevaram a insatisfação de parlamentares e de agentes do mercado financeiro com os rumos econômicos do terceiro mandato do petista.
Lideranças do governo têm trabalhado para garantir a aprovação desses projetos ainda neste ano. O Congresso entrará em recesso no próximo dia 23 de dezembro.

À TV Globo, Lula fez críticas ao aumento da taxa básica de juros.

Ele também reafirmou ter compromisso com a responsabilidade fiscal e discordou da avaliação do mercado financeiro sobre o pacote dos gastos.

"Vou repetir: ninguém nesse país, do mercado, tem mais responsabilidade fiscal do que eu. [...] Entreguei esse país, sabe, numa situação muito privilegiada. É isso que eu quero fazer outra vez. E não é o mercado que tem que ficar preocupado com os gastos do governo. É o governo. Porque, se eu não controlar os gastos, se eu gastar mais do que eu tenho, quem vai pagar é o povo pobre."

"Nós fizemos aquilo que é possível fazer mandando [o pacote] para o Congresso Nacional. A única coisa errada nesse país é a taxa de juros estar acima de 12%. Essa é a coisa errada. Não há nenhuma explicação", disse Lula.
Surpresa com a cirurgia
Liberado do ambiente hospitalar, Luiz Inácio Lula da Silva ficará em casa ao longo desta semana. Ele será acompanhado por uma equipe médica até, pelo menos, a próxima quinta (19).

Uma tomografia deve indicar se Lula está liberado para voltar a Brasília e às suas funções. Os médicos têm avaliado os procedimentos e a recuperação do petista como positivos.

O presidente relatou ao Fantástico ter sido pego de surpresa, na madrugada da última terça (10), com a decisão de médicos de submetê-lo a uma cirurgia.
Lula passou por procedimentos para drenar e evitar sangramentos em uma área lesionada durante queda, em outubro, no banheiro da residência oficial da Presidência.

A passagem pelo hospital rendeu a ele "três furos na cabeça" — atualmente tampados por curativos e mostrados por ele na entrevista.

Durante o período de monitoramento do acidente doméstico, Lula achou que "estava fora de perigo".

Ele afirmou ter percebido a gravidade do quadro clínico depois de ter passado pelos primeiros exames de imagem, ainda em Brasília.

"Fiquei preocupado porque, afinal de contas, a cabeça é a parte mais delicada. Eu achei que estava fora de perigo, isso é a verdade. Achei que estava fora de perigo, porque a última ressonância que eu fiz mostrava que estava diminuindo a quantidade de líquido na minha cabeça. Mas era engano meu."

Na entrevista, o presidente contou que sentiu os primeiros sintomas do hematoma no domingo (9). De acordo com ele, neste dia, já era possível sentir dor de cabeça, que se agravou um dia depois.

"Achei que era por causa do sol. Não levei muito a sério. Na segunda-feira, eu comecei a sentir alguns movimentos esquisitos na perna, uma certa lentidão", disse.

Na segunda (10), durante reunião com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), Lula afirmou ter chamado a médica da Presidência, Ana Helena Germoglio.

"Estava reunido com o [presidente do Senado, Rodrigo] Pacheco, com o [presidente da Câmara, Arthur] Lira e com vários ministros, discutindo a questão do acordo feito na Suprema Corte sobre as emendas parlamentares. Pra falar a verdade, quando eu pedi para chamar a doutora Ana, falei: 'Ana, eu acho que o mundo também acha que é bom a gente marcar uma consulta no Sírio'", declarou.

Por decisão da equipe médica, Lula foi transferido a São Paulo, onde passou pela cirurgia de drenagem do hematoma. A primeira-dama, Janja Lula da Silva, classificou o momento como "delicado".

"Depois da noite em que a minha mãe faleceu, aquela foi a pior noite pra mim. Porque eu não sabia como a gente ia amanhecer o dia de terça-feira. Então, foram realmente momentos angustiantes de não saber o que que ia acontecer. Mas, graças a Deus, a gente está aqui hoje, ele está bem", afirmou Janja.

O presidente afirmou que os médicos sinalizam que haverá um processo de recuperação tranquilo. Lula destacou, porém, que serão precisos cuidados.

"Eu não posso fazer ginástica, eu não posso fazer esteira, eu posso andar, mas passear, sabe?", mencionou.

O presidente também disse que será preciso esperar a cicatrização dos "furos" feitos pelos procedimentos em seu crânio.

"Eu vou me cuidar, vou me cuidar. Eu tenho muita responsabilidade, eu tenho muita disciplina, eu vou me cuidar. Tenho a Janja, que é uma fiscal, sabe? Como é que chama aquele juiz que fica... O VAR. Ela é o meu VAR, ela é quem vai, sabe, me obrigar a andar na linha, me cuidar. É isso, descansar."
Apesar de todo o processo, Lula faz planos para o fim do ano e para 2025.

Até o final de dezembro, ele afirmou que quer fazer uma reunião com os ministros do governo e que avalia a possibilidade de participar do Natal dos Catadores, em São Paulo. Já para o ano seguinte, em março, Lula se programa para uma viagem ao Japão.

"Quando eu chegar em março [de 2025], eu já tô totalmente curado. O que eles têm alguma preocupação é nos próximos 45 a 60 dias, até fechar os furos que eles fizeram", disse. (Fantástico)

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