Uma idosa de 103 anos teve o pé amputado sem anestesia dentro de casa por uma enfermeira, utilizando um bisturi cego. O procedimento, realizado em dezembro de 2024, teria sido contratado pelo filho da paciente.
A vítima, cega e acamada, já apresentava um quadro de necrose no membro afetado. O caso chegou ao conhecimento do Instituto Eva, organização que ampara mulheres e idosos em situação de vulnerabilidade, após uma testemunha denunciar o ocorrido no início de janeiro. A idosa foi hospitalizada, e a entidade formalizou a denúncia às autoridades competentes.
Após a amputação, a enfermeira e familiares enfrentaram dificuldades para descartar o pé necrosado. Em mensagens de WhatsApp obtidas pela investigação, a profissional relatou que tentou "desaparecer" com o membro em um hospital da rede pública, sem sucesso. Nos textos, ela ainda mencionou estar “tendo problema por causa do pé” e riu da situação.
O caso está sob análise da Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (DECRIN). Segundo a PCDF, a família optou por cuidados paliativos para a paciente devido à sua idade avançada, e a necrose no pé poderia resultar em uma amputação natural.
No entanto, a forma como o procedimento foi realizado levanta questionamentos sobre ética e responsabilidade profissional. A Polícia apura se houve negligência, imperícia ou dolo na ação da enfermeira e dos familiares envolvidos. O inquérito policial foi instaurado e corre sob sigilo.
O Conselho Regional de Enfermagem do Distrito Federal (Coren-DF) afirmou que enfermeiros não têm competência para realizar amputações e que a prática é ilegal e antiética. “O Coren-DF condena de forma contundente qualquer prática que fira os preceitos éticos, técnicos e legais que norteiam a atuação da enfermagem”, declarou a entidade, que acompanha o inquérito policial.
A idosa segue internada na UTI, recebendo atendimento médico integral. A polícia deve ouvir familiares, profissionais de saúde envolvidos e realizar exames periciais para determinar se houve crime no procedimento.
O caso continua em investigação.
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