Após anos de uma guerra violenta que resultou em centenas de mortes dentro e fora dos presídios brasileiros, lideranças das duas maiores facções criminosas do país, o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), estariam negociando uma trégua histórica. A informação foi divulgada pela Coluna Mirelle Pinheiro, do portal Metrópoles, que revelou detalhes da movimentação nos bastidores do crime organizado.
Segundo a reportagem, os grupos estão unindo forças com o objetivo de pressionar o governo a flexibilizar as regras do Sistema Penitenciário Federal (SPF). Atualmente, os principais líderes das facções estão encarcerados em presídios de segurança máxima, onde enfrentam restrições rígidas, incluindo a proibição de visitas íntimas e a limitação de contatos com advogados e familiares a interações sem contato físico.
A aliança entre PCC e CV teria sido costurada desde o ano passado e pode impactar não apenas a dinâmica dentro dos presídios, mas também a segurança nas ruas. Conforme apuração da coluna, autoridades monitoram conversas codificadas e movimentações suspeitas de advogados que atuam como intermediários entre os líderes criminosos. Há indícios de que os representantes das duas facções estejam coordenando uma força-tarefa jurídica para enfraquecer as restrições do sistema prisional federal.
Além disso, informações colhidas em presídios estaduais, como o Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, apontam para uma articulação mais ampla entre os criminosos, que pode levar a uma nova configuração do tráfico de drogas no país. Caso a aliança se mantenha, especialistas acreditam que as facções podem optar por dividir áreas de influência ao invés de disputar territórios com violência, o que teria impacto direto na redução dos confrontos armados.
Histórico de Conflitos
PCC e CV mantiveram uma aliança estratégica por anos, compartilhando rotas do tráfico de drogas e influência nos presídios. No entanto, essa parceria chegou ao fim em 2016, quando divergências sobre o controle do crime nas cadeias levaram a uma ruptura definitiva. Desde então, as duas facções travam uma guerra sangrenta por hegemonia, deixando um rastro de mortes em pelo menos nove estados.
Um dos episódios mais brutais desse conflito ocorreu no primeiro dia de 2017, em Manaus, quando 56 detentos foram assassinados em um massacre dentro do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj). A chacina foi atribuída à Família do Norte (FDN), que na época era aliada do CV e rival do PCC.
Leia também - Defesa de Emanuel Pinheiro contesta relatoria de recurso no STJ e pede redistribuição