O mercado da carne bovina vive um momento de alta em Mato Grosso, com a arroba do boi gordo registrando a maior cotação do ano. De acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), o preço da arroba chegou a R$ 215,73 no final de setembro, um aumento de R$ 10,01 em comparação a agosto, consolidando o maior valor de 2024 até agora. O aumento reflete a menor oferta de fêmeas para abate, somada a uma demanda interna e externa aquecida pela proteína.
Essa valorização é um alívio para os pecuaristas que enfrentaram um período de estabilidade nos preços nos meses anteriores. Segundo o IMEA, entre janeiro e setembro, o aumento médio mensal foi de apenas R$ 3,25 por arroba, caracterizando um cenário típico de anos de transição do ciclo pecuário. "Este ano tem sido desafiador para os produtores, mas o aumento dos preços no segundo semestre traz uma expectativa positiva para o último trimestre", afirma Milena Bezerra, analista do IMEA.
Outro fator que impulsionou a alta dos preços foi a redução expressiva no abate de fêmeas. Em 2024, Mato Grosso registrou uma queda de 0,74% no seu rebanho bovino, resultado do elevado número de animais enviados para abate, especialmente fêmeas, cujos envios foram 40,57% maiores em comparação a 2023. Esse movimento impactou diretamente na oferta de carne no estado, pressionando os preços para cima.
Além disso, o mercado futuro projeta um cenário de valorização contínua. As expectativas para o quarto trimestre indicam que os preços da arroba devem seguir em alta, especialmente com a previsão de menor oferta de gado pronto para o abate. Esse panorama tem sido favorável tanto para os pecuaristas quanto para as exportações, que continuam desempenhando um papel importante no escoamento da produção local.
O IMEA também destacou a recuperação dos preços em comparação ao mesmo período do ano passado. Em setembro de 2023, o mercado da carne havia atingido o seu menor patamar desde junho de 2019. Hoje, a situação é diferente: a arroba do boi está 16,24% mais cara, refletindo o novo ciclo de valorização da carne bovina.
Com a alta nos preços, o consumidor pode sentir o impacto nos próximos meses. "A tendência é que esse aumento se reflita nas prateleiras, com um reajuste nos preços da carne bovina no varejo. No entanto, com a demanda em alta, especialmente no mercado externo, o cenário deve permanecer positivo para os produtores", explica João Botelho, outro analista do IMEA.
Leia também - Brasil conquista 20 novos mercados em seis países