O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, anunciou nesta terça-feira (11.06) que o secretário de Política Agrícola do órgão, Neri Geller, entregou o cargo depois de ter sido envolvido em polêmicas sobre o leilão de arroz realizado pelo Governo Federal, e que foi cancelado.
“Hoje pela manhã, o secretário Neri Geller me comunicou, fez ponderação, quando o filho dele estabeleceu sociedade com esta corretora do Mato Grosso, ele não era secretário de Política Agrícola. Não há fato que desabone ou que gere qualquer tipo de suspeita, mas que, de fato, gerou [...], por isso colocou cargo à disposição”, anunciou o ministro aos jornalistas após deixar reunião no Palácio do Planalto.
Nos bastidores circula informações de que Neri Geller foi responsável por indicar o diretor da Companhia Nacional de Abastecimento (Conad), Thiago dos Santos, responsável pela realização do leilão.
Além disso, circula que Marcello Geller, filho de Neri, é sócio de Robson Almeida de França, dono da Foco Corretora de Grãos (com sede em Cuiabá), uma das principais corretoras do leilão do arroz.
Ao Neri Geller afirmou que irá se manifestar ainda nesta terça (11) sobre os fatos envolvendo seu nome e do seu filho.
Importante destacar que ao anunciar o cancelamento do leilão, em coletiva de imprensa na manhã de hoje no Palácio do Planalto, o Governo Federal disse que pretende fazer novo certame, ainda sem data marcada, com a participação de órgãos como Controladoria-Geral da União e (CGU) e Advocacia-Geral da União (AGU).
Ligações entre Geller e vencedor do leilão
Segundo a revista Globo Rural, o fio que liga Geller ao leilão é Robson França, presidente da Bolsa de Mercadorias de Mato Grosso (BMT) e dono de corretoras que intermediaram a comercialização de 44% do volume de arroz negociado (116 mil toneladas) e do valor envolvido no leilão da Conab, cerca de R$ 580 milhões.
Ele foi assessor do secretário durante seu mandato na Câmara dos Deputados, entre 2019 e 2020. França é sócio de Marcelo Piccini Geller, filho de Neri Geller, em uma empresa aberta em agosto de 2023, depois da criação e da qualificação da BMT para participar dos leilões da Conab. Todos negam qualquer tipo de direcionamento no certame, mas esse é o ponto focal das discussões em Brasília sobre um eventual favorecimento ou uso de influência.
O secretário tem dito que "não sabia" da participação de França no leilão e que a empresa do filho em sociedade com o ex-assessor está inativa. Mesmo assim, há no governo a avaliação de que essas conexões formam uma "ilegalidade primária", devido ao parentesco de Marcelo, sócio de um operador direto das negociações de compra e venda do arroz, e Neri Geller, que mandou executar o certame.
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