Mato Grosso, estado líder na produção de carne bovina no Brasil, registrou um aumento expressivo nos preços de cortes bovinos e bezerros, segundo dados divulgados pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA) nesta semana. O movimento reflete o cenário de alta demanda e restrições na oferta, além de outros fatores de mercado que têm pressionado a cadeia produtiva local.
Na última semana, o preço do corte dianteiro com osso da vaca subiu 2,42%, atingindo R$ 13,29 por quilo. Essa alta foi impulsionada pela maior demanda observada no período. Já o preço do bezerro de 12 meses, com peso de aproximadamente 7 arrobas, apresentou valorização semanal de 0,77%, alcançando R$ 9,13 por quilo. O aumento no valor do bezerro se deve, em grande parte, à menor oferta no mercado, o que elevou o custo para os pecuaristas e frigoríficos.
O estado, que produziu um recorde de 949,58 mil toneladas de carne bovina no primeiro semestre de 2024 — uma alta de 26,54% em relação ao mesmo período de 2023 — está em plena expansão, impulsionado pelo crescimento no número de bovinos abatidos. No entanto, o aumento da participação de vacas e novilhas, que possuem menor rendimento de carcaça em comparação com os machos, resultou em uma leve queda de 1,08% no rendimento médio de carcaça no estado.
A cotação da vaca gorda a prazo também apresentou uma alta significativa, de 1,60%, sendo negociada a R$ 205,04 por arroba. Este cenário é impulsionado pela menor oferta de fêmeas disponíveis para abate, o que elevou os preços no curto prazo.
Analistas de mercado apontam que a demanda aquecida por proteína vermelha, tanto no mercado interno quanto externo, é um dos principais fatores que contribuem para a alta nos preços. A produção brasileira de carne bovina em 2024 deve atingir o recorde de 11,35 milhões de toneladas, um aumento de 3,65% em relação ao ano anterior. A projeção considera o elevado volume de animais abatidos e o crescimento das exportações, que devem alcançar 3,30 milhões de toneladas, consolidando o Brasil como o maior exportador mundial de carne bovina.
"O setor está enfrentando um cenário dinâmico, com uma combinação de alta demanda e restrição na oferta de bezerros e fêmeas para abate. Esses fatores estão empurrando os preços para cima, o que impacta diretamente o consumidor final", afirma Vilmondes Tomain, presidente do IMEA.
Com o aumento nos preços dos cortes bovinos, é provável que os consumidores sintam o impacto no bolso, especialmente nos meses que antecedem as festas de final de ano, quando a demanda por carne bovina tende a crescer ainda mais. As previsões indicam que a elevação nos preços pode não ser temporária, e sim parte de uma tendência sustentada pela forte demanda, tanto no Brasil quanto nos mercados internacionais.
Leia também - Uso de aviões agrícolas para combate a incêndios aumenta 50% no Brasil