O preço do leite em Mato Grosso registrou uma nova alta em agosto de 2024, intensificando os desafios tanto para os produtores quanto para os consumidores do estado. De acordo com o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA), o valor do litro de leite captado no estado chegou a R$ 2,34, representando um aumento de 5,89% em comparação ao mesmo período do ano passado.
Essa elevação no preço do leite reflete uma série de fatores econômicos que afetam a cadeia produtiva e, em última instância, o bolso dos consumidores. A pressão sobre os preços se deve, em parte, à redução no rebanho de vacas ordenhadas em Mato Grosso, que atingiu o menor nível desde 1988. O estado registrou uma queda anual de 5,62%, com o número de cabeças de gado caindo para 275,26 mil.
Apesar do aumento no preço pago aos produtores, o cenário permanece desafiador. De acordo com o IMEA, a relação de troca entre leite e farelo de soja – um dos principais insumos na alimentação do gado – sofreu uma retração de 1,94% em setembro de 2024, indicando que, mesmo com o leite mais caro, o custo para alimentar os animais continua elevado. A relação atual é de 825,86 litros de leite por tonelada de farelo de soja.
“O aumento no preço do leite não se traduziu em uma melhora substancial para os produtores. Os custos com alimentação e outros insumos continuam a pressionar as margens de lucro, e muitos pecuaristas de menor porte enfrentam dificuldades para manter a atividade”, afirma Thiago Duarte, analista do IMEA.
Preço do milho e o impacto no setor
Outro fator que tem pressionado a cadeia leiteira é o preço do milho, insumo essencial na alimentação do rebanho. A relação de troca entre o leite e o milho em Mato Grosso subiu 7,83% em relação a agosto de 2023, com o produtor precisando de 18,04 litros de leite para adquirir uma saca de milho. Isso se deve ao aumento de 14,18% no preço do cereal, que superou a valorização do leite no mesmo período.
Essa disparidade sugere que, apesar do aumento do preço do leite, os produtores continuam a enfrentar desafios para manter a produção viável, principalmente diante de custos que não param de subir.
Impacto para o consumidor
Para o consumidor final, o cenário também não é animador. Com o aumento no preço do leite cru, os derivados lácteos também seguem tendência de alta. A muçarela, por exemplo, apresentou uma valorização de 1,23% no último mês, chegando a R$ 34,02/kg. Outros produtos, como leite UHT e manteiga, também registraram aumentos expressivos.
Especialistas alertam que o impacto no consumidor pode se intensificar nos próximos meses. “O aumento da demanda por milho e a perspectiva de uma produção de leite maior a partir de setembro podem pressionar o preço do leite para baixo, mas os custos elevados para manter a produção podem refletir em novos aumentos no preço final ao consumidor”, alerta Duarte.
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