À meia-noite desta terça-feira (23.07), a hastag #OiOiOi104 ainda estava na lista mundial do TTs e os internautas continuavam comentando o capítulo 104 da novela Avenida Brasil. No episódio em questão, Nina (Débora Falabella) começou sua vingança contra Carminha (Adriana Esteves), e era de esperar que os fãs da mocinha se manifestassem nas redes sociais.
O capítulo 104 parece ter sido mais aguardado que o capítulo da virada, o de nº 100, porque registrou 45 pontos de audiência. Já o episódio exibido na quinta-feira (19) marcou 40 pontos. No entanto, as redes sociais ficaram monotemáticas na quinta passada e os avatares congelados da novela tomaram conta de inúmeros perfis. Tinha até site ensinando como usar o photoshop para fazer a montagem. Fora da web, não se fala de outra coisa e é comum muito ver homens – sim, eles mesmo – explicando e comentando a trama de João Emanuel Carneiro.
Mas o que explica o sucesso de Avenida Brasil? "O sucesso novela está no Divino (bairro fictício ambientado no Rio), nos laços sociais, no tom de comunidade e nos personagens próximos da realidade", explica, ao 247, Claudino Mayer, doutor em teledramaturgia pela USP e autor do livro "Quem matou... o romance policial na telenovela". Mas, segundo o especialista, essa criação de João Emanuel nada tem a ver com o fato de ele ser um grande autor. "Ele é apenas uma novidade. Não está entre os grandes autores, como Silvio [de Abreu], Aguinaldo [Silva] e Gloria [Perez]. O João faz é uma reiteração de tudo aquilo que já foi dito", diz.
Dois elementos estão presentes em todas as tramas de João Emanuel: a dinâmica dos capítulos e a ambiguidade dos personagens. "A Nina é uma mocinha diferente, porque desde o início da novela, ela apresenta características de vilania", explica Claudino Mayer, que, também, comenta a dinamicidade da trama. "Se você não assistir o capítulo de hoje, quando for ver amanhã, já perdeu muita coisa, ou seja, o acontecimento da narrativa muda de um dia para o outro". O especialista chama a atenção, também, para o fato de a personagem da Nina ter cativado o público logo nos primeiros capítulos, quando era interpretada pela atriz mirim Mel Maia. "A garota foi fundamental para a novela passar a ser o que é hoje", diz.
Além da protagonista, as personagens vividas por Murilo Benício (Tufão), Eliane Giardini (Muricy), Marcos Caruso (Leleco), e todos os outros que compõem o núcleo do Divino dialogam com a sociedade e, segundo Claudino, "trabalham numa emoção coletiva". "O Tufão além de mostrar a inocência do jogador de futebol, mantém o hábito de freqüentar o bar do Ailton Graça, já a Heloísa Perissé representa aquela mulher batalhadora, enquanto o Leleco, de Marcos Caruso, tem uma verdade, que todo mundo chega à conclusão de que conhece alguém assim. E todas essas pessoas mantêm laços".
Essas características, além de fazerem o telespectador se identificar com a novela, conseguem retratar o inesperado da vida real. Da mesma forma que é impossível prever o que acontecerá daqui dois dias, também não dá para imaginar o desfecho de cada personagem. Só resta não perder o próximo capítulo.
Entre no grupo do VGNotícias no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).