Uma mulher negra foi retirada pela Polícia Federal de um voo que seguiria de Salvador (BA) a Congonhas (SP), na noite de ontem, sem explicação do motivo da expulsão - sendo informada apenas que seria "determinação do comandante".
Antes de ser removida, a passageira Samantha Vitena Barbosa se dirigiu aos demais passageiros para explicar que o problema começou por quererem obrigá-la a despachar uma mochila com seu notebook.
O transporte de bagagens de mão com eletrônicos é permitido, mas a companhia teria alegado falta de espaço na aeronave. Ela explica que temia avarias ao aparelho e, por isso, alocou a mochila no bagageiro, com ajuda de outros dois passageiros.
Uma hora depois, agentes da Polícia Federal entraram na aeronave para retirá-la, segundo um dos agentes, por "determinação do comandante".
A Anac recomenda que eletrônicos como notebook ou carregador portátil sejam levados no compartimento de mão — a ideia seria evitar avarias e "ativação não intencional".
A abordagem gerou revolta em outros passageiros, que publicaram vídeos do flagrante nas redes sociais. Uma das passageiras mostra que foi questionar o motivo da abordagem e o agente a "convida" a também ir à sede da Polícia Federal. "É um absurdo, isso não pode acontecer. Levaram a mulher à força, gente", é possível ouvir no registro.
Outro vídeo mostra o discurso de um dos policiais. "Se a senhora não puder sair, eu vou mandar todo mundo sair da aeronave e a senhora vai sair. (...) Então acho melhor a senhora por bem acompanhar a gente tranquilamente", disse um dos agentes. Em outro trecho, uma passageira lamenta dizendo "isso é racismo".
Outro vídeo mostra o discurso de um dos policiais. "Se a senhora não puder sair, eu vou mandar todo mundo sair da aeronave e a senhora vai sair. (...) Então acho melhor a senhora por bem acompanhar a gente tranquilamente", disse um dos agentes. Em outro trecho, uma passageira lamenta dizendo "isso é racismo".
Os comissários falaram para mim que, se a gente pousasse em Guarulhos, a culpa seria minha, porque eu não queria despachar a mochila. Ele [um comissário] teve a coragem de falar isso para mim. A culpa não é porque o voo está duas horas, mais de duas horas atrasado, a culpa seria minha, acreditam?.
Transtorno coletivo
O voo 1575 deixou o Aeroporto Deputado Luis Eduardo Magalhães às 22h15, com mais de duas horas de atraso. Ele pousou, de fato, em Guarulhos, à 0h15, apesar do destino original ser Congonhas. O motivo ainda não foi esclarecido. A passageira não seguiu na viagem em questão.
Procurada pelo UOL, a Gol justificou a expulsão. Em nota, a empresa diz que, diante de um volume expressivo de bagagens a serem acomodadas a bordo, "clientes colaboraram despachando volumes gratuitamente" e que "mesmo com todas as alternativas apresentadas pela tripulação, uma cliente não aceitou a colocação da sua bagagem nos locais corretos e seguros destinados às malas e, por medida de segurança operacional, não pôde seguir no voo".
A companhia não explica, no entanto, a razão pela qual a mochila da mulher, acomodada no bagageiro, não poderia seguir viagem, quais alternativas foram apresentadas pela tripulação ou qual segurança foi oferecida ao equipamento eletrônico da passageira.
Em uma rede social, Samantha agradeceu o apoio e o carinho e informou que pousou em São Paulo apenas na manhã deste sábado (29). O UOL entrou em contato com a passageira, que indicou que se manifestaria por meio de seu advogado. Este espaço será atualizado tão logo haja manifestação.
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