Um desfile militar na Coreia do Norte na noite desta quarta-feira (8) revelou que o poder de fogo da ditadura hoje é grande o suficiente para preocupar países como os Estados Unidos.
Imagens do evento divulgadas pela agência de notícias estatal KCNA dão conta de que o regime hoje tem ao menos 11 mísseis balísticos intercontinentais Hwasong-17, que especialistas suspeitam ser capaz de atingir praticamente qualquer ponto do globo se equipados com ogivas nucleares.
O modelo havia sido testado pela primeira vez no ano passado. Além dele, o desfile contava ainda com o que analistas afirmam ser um possível protótipo ou maquete de um novo míssil intercontinental de combustível sólido -desenvolver um armamento do tipo tem sido um dos maiores objetivos da ditadura ultimamente, uma vez que ele pode dificultar a detecção de mísseis nucleares durante um conflito.
O ditador Kim Jong-un supervisionou a parada, realizada por ocasião do 75º aniversário das Forças Armadas nacionais na capital, Pyongyang. Ele compareceu às festividades ao lado da esposa, Ri Sol-ju, e a filha Ju-ae, que estaria sendo treinada para se tornar a próxima dirigente do país.
Eventos militares como este são escrutinados com atenção por analistas, que buscam neles pistas sobre o avanço do programa de desenvolvimento de armamentos do regime, um dos mais fechados do mundo.
Questionados sobre o significado da parada desta quarta, eles afirmam que as armas que a Coreia do Norte exibiu mostram um país que busca se consolidar enquanto potência militar -e, a princípio, consegue.
"Desta vez, Kim Jong-un deixou o conjunto de mísseis táticos e de longa distância em expansão falarem por si mesmos", afirmou Leif-Eric Easley, professor da Universidade de Ewha, em Seul, à Reuters.
À AFP, Ankit Panda, autor de "Kim Jong-un and the Bomb" (sem edição no Brasil), disse que o desfile condiz com o plano de longa data da ditadura de produzir armas nucleares e sistemas de lançamento em larga escala.
A questão, ele acrescenta, é que Washington planejou suas defesas antimísseis para ameaças "limitadas" de Pyongyang -a dimensão real da capacidade militar norte-coreana pode, portanto, ser um problema para os EUA.
A presença de Ju-ae no desfile é outro fator imbuído de significado para os especialistas. Segundo eles, a presença frequente da menina ao lado do pai em eventos estatais desde novembro passado provavelmente indica que ela foi designada como sua sucessora.
O regime nunca tinha mencionado oficialmente a existência de filhos de Kim antes, mas acredita-se que o ditador seja pai de três crianças, duas meninas e um menino.
A Coreia do Norte havia promovido outros três desfiles militares noturnos nos últimos anos, período em que tem prometido ampliar e intensificar seus exercícios militares em preparação para uma guerra.
A ditadura realizou no ano passado um número recorde de testes de mísseis, proibidos por sanções e resoluções do Conselho de Segurança da ONU --Kim Jong-un argumenta que as determinações ferem o princípio de soberania, que garante o direito de autodefesa de seu território.
O Ministério de Relações Internacionais de Seul criticou o país vizinho por realizar o evento no momento em que enfrenta dificuldades econômicas e fome crescente.
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