Qual a principal estratégia para combater o câncer de mama? A resposta é simples: diagnóstico precoce. As estatísticas mostram que descoberta no início a doença tem 95% de chance de cura. E foi exatamente para mostrar às mulheres a importância do “quanto antes, melhor”, que na década de 90 surgiu o movimento conhecido como “Outubro Rosa”. Ele veio com o objetivo de levar informações sobre o câncer de mama, fomentar a conscientização sobre a importância de descobrir a doença na fase inicial, proporcionar maior acesso aos serviços de diagnóstico e tratamento e, consequentemente contribuir para a redução da taxa de mortalidade.
Quando se fala em diagnóstico precoce, não se trata de “procurar” doença, mas sim de mostrar para as mulheres que, por mais difícil que possa parecer, este é o caminho mais confiável a ser percorrido. Por quê? Porque o câncer de mama não é uma doença onde é possível fazer a chamada prevenção primária, ou seja, evitar ter um câncer de mama.
“Diagnóstico precoce é prevenção secundária. Quando eu faço o diagnóstico mais cedo, eu faço diagnóstico de tumores menores, tumores que não deram metástase ainda ou então tumores que a gente chama de in situ, que nem invasivos são”, explica a oncologista Cristina Guimarães Inocêncio, da Clínica Oncomed.
Conforme ela, o diagnóstico precoce muda a forma de tratar a paciente. Ou seja, os tratamentos considerados mais complexos acabam não sendo necessários. “Nestes casos podemos fazer apenas a cirurgia, sem necessidade de quimioterapia, e a paciente fica curada. No entanto, quando o diagnóstico é tardio, a doença tem maior disseminação. Os tumores maiores podem ir até as axilas, por exemplo. Aí, podemos vir a precisar fazer uso de todos os tratamentos, como cirurgia, quimioterapia, radioterapia, hormonioterapia e, às vezes, imunoterapia, para tentar conseguir que essa paciente se cure”.
O diagnóstico precoce da doença, além de aumentar em quase 100% as chances de cura, reduz drasticamente as sequelas, traumas e custos com o tratamento. Além disso, permite, num tempo menor, a reinserção da paciente à sua rotina de trabalho e familiar.
Rotina - Para fazer o diagnóstico precoce do câncer de mama, primeiramente a mulher precisa entender a importância de tornar essa prática uma rotina na sua vida. Ações simples como o autoexame têm papel importante, já que ao apalpar a mama a mulher pode notar alguma diferença, como um pequeno caroço, rigidez, vermelhidão, mamilo retraído ou áreas mais escuras.
O autoexame sozinho resolve? Não. Ele faz parte do diagnóstico precoce. Mulheres a partir dos 40 anos precisam instituir na sua rotina de exames a mamografia, que dever ser feita anualmente. “A mamografia permite realizar um diagnóstico até mais cedo do que o autoexame. O autoexame é importante porque é um exame que não tem custo e pode ser feito pela mulher a partir da sua primeira menstruação. A mamografia complementa o diagnóstico precoce porque ela consegue fazer o diagnóstico antes de eu apalpar o carocinho. Eu consigo ver calcificações e até mesmo tumores menores de um centímetro”, explica a oncologista.
Tratamento - A médica destaca que não basta fazer o diagnóstico precoce do câncer de mama, é preciso fazer o tratamento precoce também. Ou seja, descobrir o nódulo no início e começar imediatamente a tratar esse nódulo faz total diferença na vida da paciente.
Para as mulheres que têm um plano de saúde, essa corrida contra o tempo é totalmente diferente das mulheres que dependem da rede pública, que muitas vezes ficam três meses esperando o resultado de uma biópsia e mais outros três meses para dar início ao tratamento. O que era para ser um diagnóstico precoce acaba se transformando num tratamento tardio.
“O tumor pode ser de crescimento lento, pode ficar um ano ali e não mudar quase nada, mas pode ser um tumor extremamente agressivo e em dois meses fazer metástase. É óbvio que é muito mais barato fazer a mamografia para todo mundo do que fazer quimioterapia. Se eu chego com o diagnóstico mais cedo, eu seleciono muito menos pacientes para fazer quimioterapia, o gasto é menor tanto para o SUS quanto para os planos de saúde”, pondera a oncologista.
Ela ressalta a importância de as mulheres fazerem consultas e exames anualmente, pois esta é a melhor maneira de descobrir o câncer de mama na sua fase inicial. “Muitas mulheres pensam: ah, estou bem, não estou sentindo nada, esse ano não vou fazer os exames. É exatamente aí que está o perigo. Na fase inicial da doença a mulher não vai sentir nada mesmo, não terá sintomas de cansaço, perda de peso fraqueza, nada disso. Eu sempre faço questão de dizer: diagnóstico precoce é aquele onde você não sentiu nada e mesmo assim foi ao médico”, assegura.
Na avaliação da oncologista o “Outubro Rosa” existe para alertar as mulheres que “não sentem nada”. “Este mês é direcionado para você mulher que neste momento está lendo essa matéria, não sente nada e acha que pode deixar para depois a mamografia. É para você que está pensando em fazer os exames de rotina só o ano que vem. Não faça isso. Não adie. Não espere sentir alguma coisa para só depois procurar um médico. O diagnóstico precoce salva vidas".
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