Com dores intensas, a modelo Andressa Urach foi internada em estado grave após complicação em uma cirurgia de retirada de substâncias que foram aplicadas em suas pernas há alguns anos. A ex-participante de A Fazenda (Record) afirmou que em julho passou por uma operação para retirar 400 ml de hidrogel de cada perna.
No mesmo mês, em entrevista ao R7, ela contou que há cinco anos injetou essa substância e também polimetilmetacrilato (também conhecido como PMMA) para fins estéticos. Segundo o cirurgião plástico membro da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica) Alexandre Kataoka, o hidrogel e o PMMA são produtos aprovados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), mas, se utilizados de maneira inadequada, podem realmente trazer graves consequências à saúde.
? Se injetados por profissionais não autorizados e em ambientes inapropriados, as substâncias podem causar vários problemas, que vão desde infecções, reações alérgicas, embolia pulmonar, necrose e até mesmo levar à morte.
Na entrevista concedida ao R7 em julho, a modelo contou que os produtos não foram absorvidos pelo seu corpo.
No caso do hidrogel, a aplicação é indicada para preenchimento de tecidos, principalmente dos glúteos. Segundo Kataoka, esse tipo de procedimento pode causar complicações “em curto e médio prazo, já que a vida útil do produto não é tão grande”.
Se aplicado corretamente, o hidrogel tem uma vida útil de no máximo 24 meses. Após isso, o corpo tende a absorver o produto completamente.
Já no caso do polimetilmetacrilato, o cirurgião plástico Alan Bernacchi da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica) afirma que as reações alérgicas, as inflamações e infecções causadas pela substância podem aparecer até cinco anos depois da aplicação.
— Há muitos casos de pessoas que aplicam substâncias não recomendadas ou proibidas. No meu consultório sempre aparece gente que fez. Já vi pacientes que perderem a bochecha, tamanha agressividade deste produto. Já vi também quem preencheu a mão com metacril para dar mais jovialidade e teve problemas. Para tratar as dores insuportáveis, acaba precisando usar corticoides.
Bernacchi ainda explica que o PMMA deve ser usado apenas em caso de reconstruções como, por exemplo, para colar ossos fraturados.
— No momento de sua aplicação ele é um fluído, depois vira um plástico, um acrílico mesmo, sem maleabilidade nenhuma. Se esse acrílico abraçar um nervo da perna e fizer uma simbiose com a musculatura, isso pode gerar uma inflamação. É uma dor para o resto da vida. Para retirar, tem que cortar tudo, músculo e nervo.
Em caso de complicações, Kataoka afirma que é possível retirar o produto, porém o procedimento é cirúrgico e também pode causar complicações.
A retirada do hidrogel é feita por meio de um corte grande onde ele foi aplicado. Depois é feita uma raspagem e, na maioria dos casos, um dreno é colocado. Por ser um corte grande, há chances de ocorrer infecções ou até mesmo lesões em nervos e artérias perto do local.
Ambos os procedimentos devem ser realizados por profissionais capacitados, alerta o especialista.
A aplicação de PMMA e hidrogel deve ser realizada apenas por um cirurgião plástico ou um dermatologista. Outros profissionais como biomédicos, por exemplo, não estão aptos a fazê-la.
Kataoka ainda afirma que os procedimentos estéticos devem ser realizados apenas quando o paciente tem certeza de que não está feliz com seu corpo.
A pessoa deve ponderar se realmente precisa da cirurgia. Após esse ponto, ela deve procurar um profissional capacitado, sempre se atendo a referências e recomendações. O ambiente em que o procedimento será realizado também deve ser checado.
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