O vereador de Cuiabá, Wilson Kero Kero (Podemos), usou mais vez a tribuna, na sessão ordinária da Câmara Municipal desta quinta-feira (17.08), para confrontar a gestão da Intervenção na Saúde de Cuiabá, desta vez por conta das demissões de funcionários sem justa causa, assédio contra servidores e continuidade de contrato com empresa alvo da Operação Espelho – deflagrada pela Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor).

Em entrevista ao , logo após deixar a sessão, Kero Kero esclareceu que o papel dos vereadores é investigar, trazer à tona e ouvir funcionários sobre alguma coerção, algum motivo de não justa causa. Segundo ele, hoje após muitas denúncias e agora com provas, resolveu provocar mais uma vez, a falta de transparência de como a Intervenção tem gerido a Saúde de Cuiabá.

O parlamentar, sem citar nomes, disse que recebeu essa semana quatro funcionárias do Centro de Distribuição de Medicamentos e Insumos de Cuiabá (CDMI), de nível superior, que foram demitidas, sempre como a mesma justificativa – que eles não precisam mais dessa mão de obra, que tem concurso, que a folha está inchada, mas segundo Kero Kero, a versão das ex-funcionárias deixa a duvidar a maneira que estão sendo feitas essas demissões.

De acordo com o vereador, a Intervenção teria substituído essas quatro funcionárias por três ou quatro do concurso e duas que vieram do Hospital Municipal de Cuiabá (HMC) e Hospital São Benedito. “Ora, HMC e São Benedito não tem concurso, não teve seletivo, e porque essas substituições então? Então está vindo pela Intervenção. Como foi feito o contrato? Quem são essas pessoas? Quando que entraram?”, questionou o vereador.

O parlamentar ressaltou ainda, que já existe um requerimento feito por ele, solicitando à interventora Danielle Carmona, uma lista dos demitidos e contratados desde o início da Intervenção até hoje, mas que ainda não respondido.

O vereador também citou outro requerimento que provocou a convocação da Intervenção na Casa de Leis, em relação a Medtrauma Centro Especializado em Traumatologia Ltda – continuar operando na saúde pública do município, uma vez que está envolvida na operação Espelho, deflagrada pela DECCOR, que apura supostas fraudes e desvios em contratos de serviços médicos.

Kero Kero enfatizou que também não responderam se vêm ou não à Casa de Leis. Mas segundo o vereador, se não tiver respostas, eles vão provocar o presidente da Câmara, vereador Chico 2000 (PL), a Procuradoria para se certificar qual ação cabível e também verificar um possível Mandado de Segurança para saber se vão ou não responder ao requerimento.

“Porque aí a gente vai confrontar onde é realmente que está esse ‘cabidão’ de emprego, porque aqui no município é seletivo. Essas funcionárias demitidas não têm ligação política absolutamente com ninguém, demonstra e prova. Estão lá por mérito, por ser trabalhadoras competentes. Agora, demitidos a bel-prazer, de repente, por suspeita de estarem boicotando, ou passando alguma informação, isso é muito vago e é muito sério. E essa história de boicote acabou, faz horas que era para argumentar algumas demissões, mas aqui não”, avaliou.

Outra denúncia citada pelo vereador, é em relação à demissão do guarda (segurança) do Posto de Saúde da região do Grande Terceiro. O parlamentar questionou o porquê da demissão, uma vez que não tem concurso para a categoria e se for para chamar outro de seletivo que deixe quem está, pois o que não pode é demitir e deixar o local sem segurança, muito menos sem justificar a saída do funcionário.

O vereador também emendou o caso da servidora gestante, que a intervenção vem realocando em várias unidades de saúde, que segundo Kero Kero, com a intenção que ela peça demissão, pois na condição que está não pode ser mandada embora. “A menina está grávida, estão fazendo isso para ela pedir demissão, estão forçando e isso é assédio, é crime”.

Ainda indignado com o que vem ocorrendo na Saúde da Capital, o parlamentar também citou o caso do médico plantonista que teria duas cadeiras no município, uma efetiva e outra contrato, e pelo simples fato de questionar um ‘detalhezinho’ na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Leblon, foi comunicado que não estaria mais no quadro de contratados.

“Eu estive na UPA nesse sábado (12), e um munícipe me chamou e falou: Aqui não pode contrariar ninguém, se você olhar de lado nessa intervenção, já motivo para eles demitiram. Isso é um absurdo”.

Para concluir, o vereador enfatizou que o pedido das “meninas” vai provocar uma reunião com o desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), Orlando Perri, pois acredita que alguém tem que ouvi-los, para que possam pelo menos argumentar o que está acontecendo de fato. 

“Então assim, tem muita coisa acontecendo e a gente vai levar isso para o Perri. Primeiro vamos falar com a Carmona, será que ela vai colocar para gente tudo isso aqui? Ok. Se não, não vamos ao Perri. Ninguém está acima do bem e do mal. A intervenção não foi feita para isso. O Perri não deu ordem para isso. Então isso tem que ser colocado às claras”, finalizou o vereador Wilson Kero Kero.