Se decidir ser candidato à reeleição neste ano, o que é muito provável, o governador Mauro Mendes (União) entrará no diminuto e seleto ‘grupo’ em que já estão os ex-governadores Jaime Campos (na época do PFL) e Dante de Oliveira (PDT), que venceram as eleições em 1990 e 1994, respectivamente, com percentuais superlativos, já que os adversários apenas cumpriram tabela. O cenário hoje parece se repetir, com a diferença que serão apenas dois concorrentes.
Jayme Campos tornou-se governador reunindo 400,5 mil votos, numa eleição em que o adversário, Agripino Bonilha (PMDB), ‘cumpria tabela’ e teve pouco mais de 83 mil votos. Quatro anos depois, em situação semelhante, Dante bateu Oswaldo Sobrinho de 471 mil votos a 167 mil votos, quando ainda não havia o segundo turno.
Nos esportes, há três condições que indicam vencedores numa disputa: na primeira, os adversários vão à luta e combatem decididos a vencerem; na segunda, um dos adversários vê que não tem chances, mas mesmo assim vai para o confronto; e a terceira é quando, acorvadado ou por questões inexplicáveis, um dos adversários simplesmente não comparece ao estrado.
Neste 2022, o adiamento de Mauro em assumir ou não a candidatura à reeleição é proporcionalmente igual à demora dos adversários em tomar coragem para enfrentá-lo. Embora o PT tenha anunciado o professor Domingos Sávio como pré-candidato à sucessão estadual, a definição ainda passará pelo crivo do PV e PCdoB, legendas que formam a federação com o PT. A verdade é que nenhum partido se assanhou para entrar na disputa, até porque os opositores ao governo, em se tratando de sucessão, se resumem a legendas sem vitrine eleitoral suficiente ou que não se planejaram para o momento.
Ainda se pode sentir ventos sopram do Nortão sinalizando a formação de uma frente que poderia encarar a disputa sucessória estadual e agourar os planos de Mendes, como sonhavam seus mentores (ex-prefeitos e prefeitos, ex-deputados e empresários), mas a ideia aventada que começou promissora, e tornou um voo de galinha. Por isso mesmo, analistas expressaram, assim que os rumores surgiram, pouca confiança de que os planos ganhassem força.
-“A ausência de múltiplas candidaturas com viabilidade eleitoral na disputa ao Governo é fruto do enfraquecimento dos partidos, do não surgimento de novas lideranças e de certo desencanto gerado pela polarização entre esquerda e direita”, diz o jornalista, ex-secretário de Comunicação do Estado e consultor político Mauro Camargo, um estudioso e conhecedor como poucos da política partidária regional, que há mais três décadas acompanha e assessora partidos e candidatos.
Camargo acrescenta que o WO é improvável, mas Mauro Mendes ainda não tem adversário ou adversária à altura e o debate político praticamente não existe.
Este ano é um ano atípico no que tange eleições mato-grossenses. Há anos não se via uma disputa sucessória chegar a um mês das convenções com dois candidatos apenas. Mesmo que fosse para ganhar espaço nas propagandas eleitorais gratuitas do rádio e TV, sempre houve de quatro a seis ou sete candidatos, o que não apraz os opositores de Mendes na atualidade.
-“No meu entendimento, não temos nem um ‘player ‘da política para disputar: o Wellington e o prefeito da Capital, Emanuel Pinheiro, não foram e nem vão para a disputa. Um um outsider, na minha opinião, não tem tempo hábil para construir uma candidatura viável. Eleição se ganha antes, não durante a campanha, e Mendes soube articular se postar muito bem”, diz o empresário, consultor em marketing digital e articulista político Palmiro Túlio Pimenta.
O professor universitário mineiro Josué Eurico Sanches Mattos, coque durante anos acompanha a trajetória politico-partidária do estado, onde mora atualmente, diz que é incomum situação com se vê hoje e que ou Mauro Mendes ou quem ele e o partido indicarem, em caso de desistência, têm o resultado das eleições deste ano em mãos.
Já o jornalista e editor de Política em vários jornais, além de ter atuado como secretário de Comunicação, diz que a atipicidade do quadro revela uma polarização radical, mas com uma tendência muito forte de um vencedor.
No início da semana passada, com a melhora do quadro clínico da primeira-dama, Virgínia Mendes - que era a principal condicionante da candidatura de Mauro - , o clima de entusiasmo fortaleceu a posibilidade do governador, enfim, buscar a reeleição.
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