Durante entrevista coletiva concedida na noite desta segunda-feira (15.04), por ocasião do lançamento do espetáculo Paixão de Cristo, na Arena Pantanal, o governador Mauro Mendes (União Brasil) foi surpreendido por uma intervenção da primeira-dama, Virgínia Mendes. A cena ocorreu enquanto o governador era questionado pela imprensa sobre o modelo de gestão do Hospital Central de Cuiabá, tema que deveria ser o foco da entrevista.
O ponto central da coletiva era a parceria firmada com o Hospital Albert Einstein, que, segundo Mendes, será o responsável direto pela administração da unidade, sem o intermédio de uma Organização Social de Saúde (OSS).
No momento em que um jornalista perguntou se a gestão seria feita por uma OSS conveniada ou diretamente pelo Einstein, Virgínia interrompeu, antes mesmo da resposta do governador: “Amor, a pergunta é comigo, amor. Deixa eu falar, a pergunta é comigo.”
Mauro Mendes tentou retomar a palavra, afirmando: “A pergunta é para mim.”
Apesar da tentativa de retomada por parte do governador, a primeira-dama prosseguiu com uma defesa enfática do modelo proposto: “Só respondendo ao deputado Lúdio. Quando eu estive doente na Prefeitura, estava perdendo o meu rim. Fui para o Albert Einstein porque meu plano de saúde atende lá. Aqui não havia transplante. Fui tratada lá [no Einstein], e ele [deputado Lúdio Cabral] criticou porque eu estava sendo tratada lá. Estamos trazendo o melhor hospital do Brasil para atender à população aqui. É contra? Quem é contra?”
A declaração foi direcionada ao deputado estadual e médico Lúdio Cabral (PT), crítico do modelo de gestão e da ausência de licitação pública na contratação da entidade paulista.
Defesa do modelo e crítica ao passado
Antes da intervenção da primeira-dama, Mauro Mendes já defendia a parceria, destacando a credibilidade do Einstein e rebatendo comparações com gestões anteriores: “Por favor. O Albert Einstein. Vocês vão presenciar, na semana que vem, a diretoria do Albert Einstein aqui em Cuiabá.”
Em seguida, se irritou com analogias com antigas OSSs que atuaram no Estado: “Vocês não podem querer comparar a OSS que veio no passado, com os comportamentos que tinham os políticos no passado, com os escândalos que esses políticos protagonizaram em Mato Grosso — que vocês da imprensa tantas e tantas vezes anunciaram. Este é um momento de pessoas vivendo outro tempo em Mato Grosso.”
O governador também apontou diferenças na condução das finanças públicas como fator determinante para a mudança: “De um governo que, muitas vezes, atrasava pagamento por meses... Não há ninguém que preste um bom serviço assim. Não há nenhuma família que resista se o pai de família ficar três, quatro, cinco meses sem colocar seu salário dentro de casa. Nós vivemos outros tempos.”
Enfatizando o rompimento com práticas anteriores, Mendes afirmou: “É necessário comparar os tempos atuais com os de um passado negro, obscuro, cheio de escândalos e corrupção, cujos atores todos nós conhecemos e sabemos como agiam. Vivemos tempos totalmente diferentes. Então, o problema não foi a OSS.”
Ao final, respondeu às críticas do deputado Lúdio Cabral: “O deputado Lúdio tem as opiniões dele. Agora, vocês estão questionando?” E concluiu, afastando qualquer suspeita de irregularidade no processo: “A lei permite. Não fazemos nada que não esteja na lei, amigo.”
Modelo filantrópico em debate
A imprensa ainda insistiu em esclarecer se a atuação do Einstein se dará sob um modelo filantrópico ou com fins lucrativos. Mendes respondeu: “Toda empresa precisa ser organizada. Mas aqui estamos falando do Albert Einstein. Vai mudar o hospital de São Paulo pra cá? Não. Mas é o padrão de excelência que estamos buscando.”
Apesar da defesa enfática do governo, o modelo ainda é alvo de controvérsias, sobretudo em razão da ausência de licitação. Nos bastidores, a atitude da primeira-dama durante a entrevista — assumindo a fala em nome do governador — foi considerada constrangedora por alguns interlocutores políticos, já que a pergunta havia sido dirigida a Mauro Mendes, o qual, ainda assim, não conseguiu concluir sua resposta.
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