Em depoimento prestado na tarde desta terça (04.07) à juíza da Sétima Vara Criminal, Selma Rosane Santos Arruda, o ex-presidente da Companhia Mato-Grossense de Mineração (Metamat), João Justino Paes de Barros, disse que sabe de muita coisa errada, ocorrida no governo passado, na gestão de Silval Barbosa (PMDB), mas que não poderia falar, devido ao Segredo de Justiça, decretado em sua delação, bem como na delação de Pedro Nadaf, ex-secretário da Sicme/MT.
João Justino, juntamente com Silval Barbosa, Pedro Nadaf, Marcel de Cursi, Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, Silvio Cezar Correa de Araújo, José de Jesus Nunes Cordeiro, Cézar Roberto Zílio, Pedro Elias Domingos de Mello, Rodrigo da Cunha Barbosa, Arnaldo Alves de Souza Neto, Karla Cecília de Oliveira Cintra, Afonso Dalberto, Antonio Rodrigues Carvalho, Levi Machado de Oliveira, Alan Ayoub Malouf, João Justino Paes de Barros e Valdir Agostinho Piran são réus em ação penal movida pelo Ministério Público do Estado, em decorrência das investigações da Terceira Fase da Operação Sodoma.
Conforme denúncia do MPE, as investigações teriam constatado que os réus compunham uma organização criminosa, com o propósito de obterem vantagem indevida no valor de R$ 15.857.125,50, para proceder ao pagamento da indenização pela desapropriação do imóvel denominado JARDIM LIBERDADE, que possuía cerca de 55 hectares, realizada nos termos da Lei nº 6.869/1997 e Decreto nº 2.110/2014.
Nos autos, o MPE aponta que quanto à lavagem do dinheiro recebido a título de propina JOÃO JUSTINO PAES DE BARROS, ora COLABORADOR, declarou que PEDRO NADAF, entregou-lhe em espécie o valor de R$ 150.000,00, que correspondeu à compra de 1,5 kg de ouro e que na última vez lhe foi entregue o valor de R$ 500.000,00, levando à compra de cerca de 8 kg de ouro, acreditando ter trazido no total cerca de 15 kg de ouro, que comumente era entregue ao PEDRO NADAF, mas em algumas oportunidades chegou a entregar pessoalmente ao próprio MARCEL.
Em interrogatório nesta terça, Justino afirmou que as denúncias apresentadas contra ele e os fatos são verdadeiros. Segundo ele, era presidente da Metamat e foi procurado por Pedro Nadaf que era secretário da Sicme, que disse que tinha um grupo de empresário querendo comprar ouro e Nadaf comprou ouro por seu intermédio - 15 quilos de ouro. Mas não sabia onde Nadaf arrumava dinheiro, porém, desconfiava porque tudo era sem nota.
Ele disse ainda que Nadaf sempre dizia que era representante de um grupo de empresários e que Marcel também comprou 400 mil em ouro. Quando presidente da Metamat, segundo ele, ganhou pepita dos garimpeiros de presente.
O depoente contou que é amigo de infância de Nadaf, e que se reaproximou do ex-secretário em 2012, além disso, as compras do ouro para Nadaf teriam ocorrido, conforme ele, em 2014 e 2015.
De acordo com Justino, depois de terminado o governo de Silval, ele participou de reuniões na Fecomércio com Nadaf para decidir compra de ouro e nestas ocasiões encontrava Marcel. Contou ainda, que foi de avião pela Abelha táxi aéreo, para comprar ouro e entregou para Marcel, mas quem lhe teria dado o dinheiro teria sido Pedro Nadaf. Sendo que a última compra foi de quase cinco quilos de ouro.
Para a compra de ouro, sempre quem lhe entregava o dinheiro era a Carla ou o Pedro Nadaf.
Ele citou que comprou ouro para Marcel umas três vezes em Peixoto de Azevedo, e as compras eram de forma irregular e ele sabia disso. Quem pagava a aeronave para a viagem duas vezes foi ele e uma vez quem pagou foi a casa Civil.
Mesmo após a troca de governo, Silval/Pedro Taques, e ele ainda no comando da Metamat, ele comprou ouro para Nadaf e Marcel. Segundo ele, a última compra foi em abril 2015.
O ouro, conforme ele, era entregue na garagem do Palácio.
Quando foi de carro à Peixoto de Azevedo foi com o carro da Metamat, com motorista da autarquia e uma das vezes houve um acidente e o motorista faleceu.
Ao ser indagado do valor que se comprometeu a devolver ao erário – R$ 200 mil, que é dez vezes maior do que ele diz que ganhou com o esquema ilegal (R$ 20 mil), Justino disse que tem coisa que não pode falar por constar em segredo de justiça.
Ao finalizar o depoimento, ele disse saber de outras irregularidades na gestão de Nadaf, mas não iria falar porque está em segredo de justiça. Ainda, que sabe de algumas coisas erradas envolvendo o ex-secretário Arnaldo, e quem lhe contou foi Nadaf, mas ele não pode falar por causa do segredo de justiça.
Ele se comprometeu em apresentar os comprovantes de pagamentos do avião que uso no prazo de cinco dias.
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