O secretário interino de Saúde de Várzea Grande, Gonçalo de Barros, presta esclarecimentos em sessão desta terça (13.04), na Câmara de Vereadores do município, sobre ações e medidas contra a Covid-19 e demais assuntos da pasta.
O requerimento da sabatina do secretário foi feito pelo vereador Pedro Paulo Tolares – o Pedrinho (DEM), que abriu a oitiva com seis perguntas ao gestor. Uma das perguntas foi quanto a falta de medicamentos insumos de limpeza em unidades de saúde, constatada pelo parlamentar há 16 dias.
Há 15 dias nosso Pronto-Socorro amanheceu com 15 mortes, isso é desesperador
Em resposta, Gonçalo esclarece que houve uma burocratização para contratação de serviços, mas que a situação já foi regularizada. “Em que pese estarmos vivendo uma pandemia, onde a urgência e emergência requer muita agilidade, no serviço público temos alguns entraves que precisamos lutar para desburocratizar, tínhamos alguma dificuldade e hoje estamos com todos os contratos regularizados. O Poder Público hoje necessita se esforçar para ser respeitado e ter credibilidade, esse esforço acaba se tornando excesso de zelo. Do começo de março para cá já conseguimos estabilizar e até mesmo o kit Covid-19, nosso município é um dos únicos que não deixou faltar, o kit intubação também não deixamos faltar, mas realmente reconhecemos alguns pontos que precisam de ajustes e já foram feitos e hoje vivemos dentro da normalidade” explica.
Indagado sobre o resto a pagar do mês de dezembro, deixado pela gestão passada e que supostamente ele não queria pagar, Gonçalo foi claro ao afirmar que não procede. “A administração pública é uma só, ela pode mudar a gestão, mas nos não podemos fazer qualquer tipo de ação que venha a prejudicar quem esteja na ponta, resto a pagar existe em qualquer troca de gestão, precisamos fazer uns ajustes e isso dificultou um pouquinho, mas em 45 dias conseguimos regularizar tudo” conta.
Em relação aos medicamentos primordiais para sedação de pacientes, Gonçalo diz o município trabalhou com um planejamento e o produto nunca faltou nas unidades de Saúde que o utiliza. “Nós trabalhamos com planejamento e tínhamos duas preocupações em nosso cadastro que necessitaria de ações anteriores, que era a preocupação com oxigênio e o kit intubação. O oxigênio nós adiantamos com nosso fornecedor e há 45 dias previmos e pedimos para dobrar nossa necessidade, e também dobramos o kit intubação, e graças a Deus não tem faltado esses produtos em nossas unidades” afirma.
Quanto ao orçamento encontrado ao assumir a Saúde, em recursos oriundos do Governo do Estado e do Governo Federal, o secretário revela que encontrou a pasta em situação regular e com mais de R$ 10 milhões em caixa. “No geral, a Saúde tinha em caixa R$ 10 milhões, sendo que 7.523.664,67 de recursos do Governo Federal transferidos para tratamento da Covid-19. Logo no começo de janeiro de 2021, chegou a emenda do senador Jaime Campos, que foi possível pagar os restos a pagar remanescentes. Temos um orçamento de R$ 175 milhões para o ano e trabalhamos sabendo que vamos ter um déficit este ano igual ano passado”.
Sobre a transação, supostamente sem contrato, com a empresa Afip, que segundo Pedrinho seria de propriedade de Paulo Bezerra, irmão deputado Carlos Bezerra (MDB), para fazer exames no município, sendo que existe um contrato em vigência com outra empresa, Gonçalo explica que a Afip presta serviço ao município desde 2008, e ele desconhece que ela é de propriedade de algum político.
“Ela é uma fundação de São Paulo, não tem fins lucrativos e não tem dono, essas são as informações que eu tenho, agora se ela é de irmão desse ou daquele político não me diz respeito, ela presta serviço no município desde 2008, o que aconteceu é que foi feito procedimento licitatório onde a licitação foi lançada pautada em duas tabelas SUS e a AFIP presta esses serviços com uma tabela SUS, e nessa pandemia estamos contando centavos para poder sobreviver, não tem qualquer relação com esse ou com aquele, Cuiabá paga por uma tabela SUS, o Estado com uma tabela SUS, como é que Várzea Grande iria pagar por duas tabelas SUS? É somente isso, ainda, mais que isso, não estamos aqui acusando ou fazendo qualquer ilação, acontece que a responsabilidade de cada gestor é cuidar do munícipio, a AFIP tem um preço melhor e temos que buscar quem tem maior vantagem para o município, independente que tenha ligação com A ou B, é bem verdade que a situação é meramente técnica não há comprometido com este ou aquele político, estamos reabrindo novo processo licitatório, para quem quer participar, mas não com duas tabelas SUS, mas como tem que ser, com uma tabela SUS” elucida.
Ao avaliar os 100 dias de gestão, Gonçalo reflete que “são dias difíceis” e conta momentos tristes que vivenciou como secretário de Saúde, mas diz acreditar em superação.
“São dias difíceis, que não só Várzea Grande está passando, mas o mundo está passando, jamais podíamos imaginar o que estamos assistindo no decorrer desses dias. Há 15 dias nosso Pronto-Socorro amanheceu com 15 mortes, isso é desesperador, qualquer gestor se sente impotente. Esses 100 dias é de muita luta. Kalil é uma pessoa humana, batalha e cobra dos seus secretários uma gestão humanizada e estamos tentando de todas as formas, neste momento não tem como ser diferente, estamos mantendo a questão da infraestrutura, mas estamos priorizando a saúde, por conta da Covid e isto está dentro do planejamento” desabafa.
Ele ainda lembra que nestes 100 dias o município abriu na UPA do Ipase, 12 unidades para fazer os testes de Covid, onde já foram feitos mais de 15 mil testes, segundo ele.
Também lembra da Upa Cristo Rei que foi aberta para atendimento da Covid e uma ala do Pronto-Socorro, com dez leitos de UTI. “Estamos em contratação, com arrendamento, de um hospital particular para tirarmos nossa rede cegonha para que nossas crianças possam nascer em um ambiente menos comprometido, não é problema do nosso Pronto-Socorro, é que a Covid invadiu, não se tem mais como fazer isso lá com segurança. E também tínhamos em nosso plano a construção de um hospital de campanha, só não colocamos em ação por conta que ficamos temerosos por questão da disponibilidade de oxigênio do nosso distribuidor, o que nos restou acelerar o arrendamento do hospital particular para transferir a rede cegonha. Nesta ação contamos com o apoio dos deputados Eduardo Botelho, Max Russi e Janaina Riva, eles nos ajudaram e temos 2 milhões que já estão em conta para fazer esse arrendamento, e precisamos demais nesse momento, desse esforço político” relata.
Conforme Gonçalo, nesses 100 dias, se não fosse a situação emergencial da pandemia, a gestão Kalil Baracat (MDB) poderia ter avançado mais.
“Hoje essa vacinação é uma corrida pela vida, cada vacina, cada cidadão, temos que garantir seus direitos. Precisamos reconhecer nossos profissionais de saúde, do porteiro, do motorista do maqueiro, do enfermeiro, do médico, de todos, essa guerra, se tem algum herói são eles, essa classe precisa ser reconhecida e precisamos trabalhar com isso. Nós só temos uma arma nessa guerra e nossos soldados são nossos profissionais da Saúde.”
Ele também discursou sobre a vacinação no município, leia mais: Várzea Grande irá implantar corujão da vacina para acelerar imunização da população
Gonçalo avalia como positiva a gestão Kalil, e conta dos planejamentos para os próximos anos. “Existe falha, sim, mas estamos buscando sempre melhorar e corrigir as falhas. Estamos planejando a construção de uma UPA tipo três na região de cima da cidade, e vai ser executada ao longo da gestão, existe o planejamento de um novo Pronto-Socorro, o nosso Pronto-Socorro já salvou muitas vidas, mas ele é de 1982, nós precisamos ampliar, transformar esse Pronto-Socorro quem sabe um dia em um materno infantil, e construir um novo Pronto-Socorro na parte de cima da cidade, nós temos um planejamento setorizando a cidade, para questão de saneamento, de saúde, nós temos cinco polos, temos que cuidar do nosso plano diretor, temos que cuidar do crescimento da cidade, sabemos que tivemos um crescimento horizontal na cidade, nós temos vazios urbanos e o prefeito Kalil Baracat tem um planejamento montado para isso, para os quatro anos. Os 100 dias foram desafiadores, doloridos, toda vez que você pensa e vê um cidadão, um irmão seu, de sua cidade, sofrendo, tem dia que você se sente impotente de não poder avançar, mas o saldo, ainda que no meio de uma guerra, avaliamos como positivo e algumas das ações que poderiam ser feitas e ainda não foram feitas, não foi por fata de vontade de fazer, mas estamos trabalhando dentro de um planejamento e com orçamento que temos” pontua.
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