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Política Quarta-feira, 02 de Março de 2016, 11:21 - A | A

Quarta-feira, 02 de Março de 2016, 11h:21 - A | A

Políticos

Saiba como é o dia a dia de presos "ilustres" de MT

Eles dividem 3 celas. Em cada uma estão outros 2 presos

Gláucio Nogueira/A Gazeta

O dia no Centro de Custódia de Cuiabá (CCC) começa antes da 7h da manhã, quando as grades das sete celas são destrancadas. Neste momento, alguns presos, acostumados a acordar cedo, já prepararam seu café, complementado pelo pão com manteiga e o achocolatado, entregues pelos agentes prisionais.

Um deles é o ex-deputado José Geraldo Riva, que ao longo de 20 anos, tempo de sua trajetória política, foi considerado um dos homens mais poderosos de Mato Grosso. Preso desde outubro do ano passado, ele tenta, na unidade prisional, manter a rotina que tinha antes de ser detido, a exemplo dos outros cinco políticos que atualmente estão no CCC. O fato de abrigar atualmente tantas figura públicas tornou o lugar, inaugurado em 2014, alvo de curiosidade e de comentários por parte da população.

Para contar como é a rotina da unidade, a reportagem ouviu, ao longo de vários dias, diversas pessoas que, direta ou indiretamente, participam do dia a dia da unidade prisional que abriga, além de Riva, o ex-governador Silval Barbosa (PMDB), os ex-secretários Pedro Nadaf, Éder Moraes e Marcel Souza de Cursi, e o procurador aposentado Francisco de Andrade Lima Filho, último das personalidades presas no CCC.

Depois de receberem o café, “nada especial, mas que também não é ruim”, conforme o relato de uma pessoa que esteve presa na unidade, os reeducandos ganham o direito a deixarem suas celas. Obedecendo decisões judiciais em processos diversos, os políticos foram separados em três celas, todas com capacidade para quatro pessoas, da seguinte forma: Silval com Lima, Nadaf e Eder, enquanto que Riva está detido juntamente com Marcel.

O pátio pequeno comporta os mais de 20 reeducandos que atualmente estão no CCC. A unidade não está superlotada e isso facilita o controle por parte dos seis agentes que se revezam nos turnos de trabalho. “O
problema é que ele é muito apertado, pequeno mesmo”. Além de caminhar e conversar com outros reeducandos, aqueles que quiserem podem lavar suas roupas no local, que conta com tanque e varal.

Os políticos presos seguem as mesmas rotinas dos demais e também cuidam de suas roupas, além de conversarem entre si e com os outros. “Eles são bem tranquilos e até onde sei nunca criaram nenhum problema com os agentes ou com a direção da unidade”, conta uma pessoa que mantém contato com um dos políticos. A horta do CCC, no entanto, ainda não recebeu a atenção de nenhum dos seis e é mantida por outro preso.

Além de caminharem o pátio, o grupo tem buscado na leitura uma forma de passar o tempo e, por isso, a biblioteca é um espaço bastante concorrido. “Ultimamente eles não têm lido tanto os livros, preferem ver e rever os processos a que respondem, analisando com cuidado cada uma das acusações a eles imputadas”.

Enquanto Silval, Nadaf e Lima respondem a ações por conta das operações Sodoma e Seven, Riva está detido em decorrência da Operação Metástase e Eder por descumprir medidas restritivas da Operação Ararath. Já Marcel é réu apenas no processo da Sodoma.

Embora tenham sido, ao menos até dezembro de 2014, figuras do primeiro escalão do Estado, os seis presos não fazem nenhum tipo de exigência aos agentes ou à direção, mantendo um comportamento adequado e um relacionamento cordial com todos os reeducandos. “Eles conversam normalmente com todos e são tratados como presos comuns. É claro que despertam curiosidade, mas isso vem mesmo de quem está fora”.

A limpeza das celas também é responsabilidade dos reeducandos e, neste quesito, se destaca o ex-governador Silval Barbosa. “Toda a faxina é feita pelos presos, que fazem isso por meio de uma escala, definida entre eles mesmos. Mas o ex-governador, ao contrário do que se pensa, cuida muito bem da cela dele, deixa ela bem limpa”. Em várias ocasiões ele parou o serviço para receber um de seus advogados.

Exceto às quartas e domingos, quando recebem alimentos dos familiares que os visitam, os políticos presos almoçam por volta das 11h, quando os agentes passam entregando os marmitex, os mesmos encaminhados para o Centro de Ressocialização de Cuiabá (CRC), vizinho ao CCC, e para a Penitenciária Central do Estado (PCE).

Geralmente ele é composto por arroz, feijão, algum tipo de carne e salada, tudo servido em porções individuais. “A comida, ao contrário do que muita gente pensa, não é ruim, mas é comida de cadeia, o tempero não é dos melhores. Na maior parte dos dias nos servem bife como carne, mas algumas vezes, bem poucas na verdade, recebemos peixe frito”.

Depois do almoço, os reeducandos ocupam suas celas e assistem TV ou ouvem rádio, utensílios autorizados pela direção da unidade. Além dos aparelhos, as celas possuem banheiro coletivo, geladeira, ventilador e um bebedouro com água gelada. Enquanto alguns descansam, outros voltam para a leitura das ações, exceto quando é dia de audiência. Nestas ocasiões, eles recebem os trajes formais e seguem para o Fórum de Cuiabá. Ao longo do mês de fevereiro, o trajeto foi muito usado por todos eles, por conta das audiências de instrução realizadas na 7ª Vara Criminal de Cuiabá.

Visitas

Desde setembro, quando foram decretadas as primeiras prisões, a rotina dos familiares dos políticos fez com que as quartas-feiras e os domingos tivessem na agenda uma visita ao CCC. Todos, sem exceção, têm recebido os visitantes cadastrados, momento em que recebem informações sobre o mundo exterior e alimentos, que podem ser guardados nas celas. De acordo com o familiar de um dos reeducandos, as diversas derrotas sofridas por todos eles na Justiça abalam o grupo e “tornam os dias mais difíceis”.

Além da família, os presos têm recebido a visita de líderes religiosos, padres e pastores, que fazem um trabalho social nas unidades prisionais. Eles não possuem permissão para fazer um atendimento individualizado, mas acabam conversando em alguns momentos com o grupo, dando conselhos e orientações.

As celas ficam abertas até as 18 horas, quando é servido o jantar. A partir deste horário, resta aos presos a possibilidade de conversar entre eles, dentro das celas, assistir televisão ou ler algum livro. “Às 10 da noite as luzes são apagadas e todos devem dormir. Os agentes liberam os televisores ligados desde que seja em volume bem baixo, para não atrapalhar quem quer dormir”. E assim termina mais um dia no Centro de Custódia de Cuiabá.

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