A procuradora Léa Batista de Oliveira afirmou na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira que a organização criminosa comandada pelo contraventor Carlinhos Cachoeira não foi desarticulada.
Segundo ela, isso está claro pela estratégia adotada pelos acusados, de permanecer em silêncio na comissão, e pelas ameaças a autoridades. Ela afirmou também que a parte empresarial do esquema ainda não foi atingida. "Enquanto não conseguirmos sufocar essa organização, em termos financeiros, ela vai continuar atuando, independentemente de o chefe estar preso ou não", disse.
Léa disse que recebeu dois e-mails ameaçadores, procedentes de Anápolis (GO), que é "reduto" da família de Cachoeira. Além disso, disse que foi surpreendida com uma tentativa de visita a seu prédio às 5h45 da madrugada, por uma mulher, que não teve êxito. Sua equipe de segurança foi abordada por PMs e seu carro foi marcado.
A procuradora lembrou ainda que, no início deste ano, as escutas telefônicas mostraram que integrantes da quadrilha haviam descoberto que estavam sendo investigados. Sabiam o nome da operação da PF e a Vara Federal responsável pelas investigações, por isso foi preciso antecipar a deflagração da operação Monte Carlo. "O juiz responsável pelo caso ficou vulnerável e, por isso, tivemos de deflagar a operação antes da hora", afirmou.
Léa Batista disse que a organização tem atuação como máfia, seja pela forma estruturada de agir ou do código de silêncio pelos membros. "É uma organização criminosa armada, sofisticada, complexa e ousada com código de silêncio orquestrado", afirmou.
Histórico
A procuradora fez um relato da atuação do Ministério Público, lembrando que as investigações da Operação Monte Carlo começaram em Valparaíso de Goiás – cidade localizada no entorno do Distrito Federal. As primeiras irregularidades foram detectadas em 2006. Em 2008, foi deflagrada a Operação Vegas. A Operação Monte Carlo foi iniciada em 2010.
Em março de 2011, o caso foi transferido para a Justiça Federal, em razão do envolvimento de um policial rodoviário federal.
Segundo Léa, a exploração de jogos ilegais ocorria em locais conhecidos e de modo explícito. Para que isso fosse possível, a organização criminosa de Cachoeira contava com a colaboração de servidores públicos nas esferas federal, estadual e municipal.
Como se isso não bastasse, disse ela, agentes do Estado eram utilizados para eliminar a concorrência, num claro controle territorial. "O recrutamento de policiais pela organização criminosa é claro e inconteste", afirmou.
A comissão está reunida na sala 2 da ala Nilo Coelho, no Senado.
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