Reinaldo Azevedo pediu cadeia para Lula em razão da conversa com Gilmar Mendes sobre o mensalão; Augusto Nunes defendia o xilindró por conta da propaganda para Fernando Haddad no programa do Ratinho; agora, o ex-presidente é acusado de ser o mandante do mensalão e as vozes mais estridentes da oposição midiática se calam; estranha cautela...
Há setores da oposição e da imprensa no Brasil que gostariam de ver Lula atrás das grades. Talvez porque essa seja a única forma de derrotá-lo. O desejo já foi explicitado por Reinaldo Azevedo, no episódio da conversa entre o ex-presidente e o ministro Gilmar Mendes sobre o mensalão, quando o blogueiro da Abril pediu seu enquadramento por chantagem e obstrução da Justiça. A seu lado, outro blogueiro, Augusto Nunes, defendeu cadeia para Lula em razão da propaganda antecipada, em favor de Fernando Haddad, no programa do Ratinho (leia mais em “A Rota da Imprensa”).
Agora, no entanto, eis que surge a grande oportunidade e as vozes mais estridentes da oposição se calam. Ontem, Luiz Francisco Barbosa, advogado de Roberto Jefferson, delator e principal testemunha do mensalão, disse com todas as letras que Lula “ordenou” o mensalão. A frase, no entanto, foi recebida com ceticismo pelas vozes mais estridentes da mídia. Reinaldo e Augusto, por exemplo, não se pronunciaram a respeito. Dora Kramer limitou-se a dizer que a defesa foi “muito esperta”, ao atribuir responsabilidades a alguém que não consta da denúncia. O jornal O Globo, por sua vez, apontou a afirmação como estratégia para desmerecer o procurador-geral Roberto Gurgel.
O fato é que os acusadores ficaram presos a uma armadilha. Por mais que combatam o chamado lulismo, se soltarem rojões pelas novas declarações de Jefferson, estarão admitindo que a acusação do mensalão foi construída em torno da palavra de um acusador de pouca credibilidade. E que, a cada momento, adota um discurso diferente. Ao mesmo tempo, não podem desmerecer o que Jefferson diz agora, uma vez que, se ele mente em relação a Lula, por que não poderia ter mentido em relação a José Dirceu?
No fim, o que resta da Ação Penal 470 é uma acusação ancorada numa testemunha que acaba de mudar sua versão. E que desconstrói a tese do procurador-geral Gurgel, que afirmou que provas testemunhais valem tanto quanto provas materiais em crimes de quadrilha.
Gurgel e seus apoiadores têm duas saídas: denunciar Lula ou condenar Dirceu porque não têm coragem de enfrentar o ex-presidente.
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