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Política Sábado, 09 de Agosto de 2014, 09:30 - A | A

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Eleições 2014

O silêncio de Rogério Salles diante do discurso de Pedro Taques sobre a paternidade da Operação Arca de Noé

O silêncio de Rogério Salles diante do discurso de Pedro Taques sobre a paternidade da Operação Arca de Noé

por Eduardo Gomes - Revista MTAqui

Mato Grosso estava a um passo do abismo. O crime organizado ditava ordens. Autoridades e bandidos coabitavam-nos mesmos nichos sociais. O estado paralelo ameaçava o Estado Democrático de Direito. Cambistas das Loterias Colibri vendiam pules do jogo do bicho nas portas dos quartéis, delegacias e fóruns. Os cassinos do dono da Colibri, João Arcanjo Ribeiro, funcionavam ostensivamente  e os resultados das extrações do bicho eram divulgados pelo rádio e televisão.

O homem que comandava a jogatina e factorings com relações mais que incestuosas com políticos era João Arcanjo Ribeiro, pomposamente chamado de ”Comendador” por obra e graça de uma comenda que recebera da Câmara Municipal de Cuiabá.

O Comendador Arcanjo  nunca se candidatou a nada, porque não precisava, pois tinha mais poder do que os políticos com mandatos e  tornou-se um dos homens mais ricos de Mato Grosso. O império do jogo do bicho atravessou impunemente os governos de Júlio Campos e Wilmar Peres, Carlos Bezerra/Edison de Freitas e Moisés Feltrin, Jayme Campos e Dante de Oliveira. No entanto, não prosperou quando Rogério Salles governou Mato Grosso.

Rogério Salles era vice-governador tucano e assumiu o Governo em abril de 2002, substituindo o governador correligionário Dante de Oliveira, que deixou o mandato para se candidatar ao Senado e foi derrotado. À época o Comendador Arcanjo era visto como figura acima da lei.

Inconformado com o quadro da violência em Mato Grosso, que chegou ao ápice com o assassinato em Cuiabá do empresário e dono do Jornal “Folha do Estado”,  Sávio Brandão, Rogério Salles foi ao ministro da Justiça, expôs a situação, pediu imediata providência. Na despedida o governador tirou uma chave simbólica do bolso deixando-a sobre a mesa do anfitrião dando um ultimato, “Esta é a chave do Palácio Paiaguás. Se o senhor não mandar a Polícia Federal prender o Comendador Arcanjo, diga ao presidente pra botar um interventor lá, porque não governo dividindo poder com o crime organizado”. Imediatamente aconteceu a Operação Arca de Noé. Daí pra frente o assunto é de domínio público.

A discreta, porém decisiva ação de Rogério Salles para o desmantelamento do crime organizado em Mato Grosso o diferencia dos demais ex-governadores. A paternidade no desmantelamento do esquema do Comendador Arcanjo foi assumida pelo senador e candidato ao governo Pedro Taques (PDT), que faz dobradinha com Rogério Salles. Por lealdade política Rogério Salles ouve até ficar rouco Pedro Taques tirar proveito do caso. Vale observar que em dezembro de 2002, quando a Polícia Federal desencadeou a Operação Arca de Noé – que atingiu o Comendador Arcanjo – Pedro Taques era procurador da República em Cuiabá há muito tempo e se destacava por suas ações pelo trancamento de hidrovias e contra o modelo econômico do agronegócio.

José Rogério Salles é paranaense de Marmeleiro e nasceu há 56 anos, quando aquela cidade era distrito de Francisco Beltrão. Casado. Técnico em Contabilidade, economista com especialização em Economia Rural,  e MBA (Marketing Business and Administration) - Treinamento de Altos Executivos, agropecuarista e político. Em Rondonópolis, onde mora, foi secretário de Agricultura (1984/85), vice-prefeito (1993-PMDB) e prefeito (1994/96-PMDB), substituindo o titular, Carlos Bezerra (PMDB), que deixou o cargo para se candidatar e se eleger senador. No plano estadual foi vice-governador de Mato Grosso (1999/2001-PSDB) e governador (2002-PSDB).

O pai de Rogério Salles, Adão Riograndino Mariano Salles, foi o primeiro agricultor a cultivar soja em Mato Grosso. A família Salles mudou do Paraná para Rondonópolis em 1970, onde continua residindo e trabalhando na atividade agropecuária.

A mulher de Rogério Salles, Marília Salles (PSDB), foi eleita vice-prefeita de Rondonópolis em 2008, na chapa encabeçada por Zé Carlos do Pátio (PMDB) e que derrotou Adilton Sachetti (PR), que tentava a reeleição. Em julho de 2012, faltando cinco meses para concluir seu mandato Marília foi cassada por crime eleitoral - abuso de poder econômico - pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), juntamente com Zé do Pátio. O crime? – A chapa Zé do Pátio e Marília fez 538 camisetas temáticas a mais que o permitido, para fiscais no dia eleição, quando o autorizado era a confecção de duas mil. O próprio Zé do Pátio comunicou o fato ao TRE argumentando que a estamparia contratada produziu 2.538 camisetas, por erro de controle interno.

Em 2012, Rogério Salles se elegeu vice-prefeito de Rondonópolis na chapa encabeçada por Percival Muniz (PPS); é o atual vice-prefeito.

DERROTAS – Em 2006, Rogério Salles disputou o Senado e foi batido pelo Democrata Jayme Campos; Jayme recebeu 781.182 votos e Rogério Salles 266.957. Em 2010 sofreu nova derrota perdendo a eleição para deputado federal, quando obteve 42.527 votos; atualmente é segundo suplente de deputado federal da coligação PSDB/DEM/PTB atrás da tucana Thelma de Oliveira.

Rogério Salles foi lançado candidato a deputado federal no pleito deste ano, pelo PSDB, mas com a retirada da candidatura à reeleição do senador Jayme Campos, foi indicado por sua coligação (PSDB/DEM/PTB) para substituir Jayme e aceitou a indicação.

A candidatura de Rogério Salles ao Senado provoca dois rombos em seus adversários Wellington Fagundes (PR) e Rui Prado (PSD).

O deputado federal Wellington Fagundes mora em Rondonópolis, município com 140 mil eleitores e a tendência natural é que os dois fatiem o bolo das urnas naquela cidade, o que é ruim para o republicano e para Rui Prado, que fica fora daquele maná de votos.

Antes do lançamento de Rogério Salles, Rui Prado nadava de braçadas na área do agronegócio, uma vez que é produtor rural e presidente licenciado do sistema Famato/Senar. Com sua entrada em cena o cenário muda, pois Rogério Salles tem bom trânsito no setor.

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