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Política Quarta-feira, 01 de Agosto de 2012, 10:59 - A | A

Quarta-feira, 01 de Agosto de 2012, 10h:59 - A | A

Mensalão: “Não deve sair nada dramático”

Especialista não acredita em decisões radicais em relação ao julgamento do mensalão; 38 réus irão a júri no STF

da Band SP

O julgamento dos 38 réus do escândalo chamado de mensalão petista começa nesta quinta-feira, 2 de agosto, no STF (Supremo Tribunal Federal). O julgamento do esquema – que envolveu compra de votos de parlamentares e formação de caixa dois para financiar a campanha do então candidato à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva – será o mais longo da história do Supremo e divide a opinião de especialistas na área de ciências políticas, como explica a professora Roseli Aparecida Martins Coelho, docente da FESPSP (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo).

“Parte dos estudiosos com quem tenho conversado acredita que podem existir algumas decisões radicais, alguns réus podem ir à prisão. Acreditam que pode haver prisões espetaculares, dos réus mais famosos”, comenta. “Outra parte, no entanto estima que a tendência é de contemporização. Não deve sair nada dramático”, completa Roseli.

Conheça os réus do mensalão

A professora também compartilha desta segunda opinião. Para ela, apesar de ser difícil avaliar o que vai acontecer no julgamento, não deve haver grandes condenações e punições no julgamento. “Esse julgamento, na verdade, é algo cuja dinâmica nem sabemos direito qual será”, avalia. Mas, segundo Roseli, “tudo dependerá do que estiver acontecendo no restante da sociedade. Depende também do que estiver acontecendo no Congresso. Existem várias variáveis”.

Roseli avalia que, apesar da opinião que cada um possa ter, “se houve ou não houve um crime, se devem ou não ser punidos etc”, o fato dos acusados terem sido levados a julgamento é uma vitória da direita. “Se houver uma condenação pesada, acho que pode ser entendido como uma vitória da direita. É da Justiça, mas não deixa de ser dos partidos da direita”, opina.

A professora também não acredita que julgamentos como esse devem se tornar frequentes no país. “Eu não ouso dizer que será uma tendência. Talvez fique como referência. A única coisa que imagino que poderia contrabalancear seria se o Daniel Dantas fosse também levado a júri, por exemplo”, diz a doutora em ciências políticas.

Isso, segundo a especialista, tiraria um foco de disputa PT X PSDB do julgamento. Dantas é suspeito de comandar um esquema parecido com o mensalão petista, chamado de mensalão tucano ou mensalão mineiro, em 1998. Ao lado de Marcos Valério – que também é apontado como um dos líderes do caso envolvendo o PT – ele teria criado um esquema de caixa dois para o financiamento da campanha de Eduardo Azeredo (PSDB-MG) ao governo de Minas Gerais. Dantas já foi preso pela Polícia Federal e solto duas vezes pelo ministro do STF, Gilmar Mendes.

O certo é que o julgamento do mensalão deve ampliar a discussão política nos próximos dias e ganhar um grande destaque na mídia. Além disso, será largamente explorado nas campanhas eleitorais deste ano, independente do seu resultado. “Estar em julgamento já é uma diferença. Todos os partidos irão usar os fatos em suas campanhas”, finaliza Roseli.

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