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Política Quinta-feira, 10 de Novembro de 2022, 13:17 - A | A

Quinta-feira, 10 de Novembro de 2022, 13h:17 - A | A

POLÍTICA

Lula chora ao falar da fome e pede respeito à democracia: "Voltem pra casa"

Lula se emocionou ao falar sobre o compromisso que terá com o combate à fome no país

Do UOL, em São Paulo e em Brasília

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chorou hoje (10.11) ao falar sobre a fome e pediu respeito à democracia durante discurso no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) de Brasília, sede do gabinete de transição de governo.

"A democracia voltou com os braços abertos, para dar a cada um de nós a sensação, o prazer e a felicidade de que seremos capazes de recuperar a civilidade nesse país", declarou em sua primeira visita ao local.

O petista pediu ainda que apoiadores de Bolsonaro que estão em frente de quartéis, clamando por um golpe militar, voltem para casa. "Eles não sabem nem o que pedem, mas estão pedindo. Se eu pudesse dizer algo para essas pessoas, [eu diria] voltem para casa. Democracia é isso, um ganha e outro perde. (...) Eu não peço para ninguém gostar de mim. Eu só peço para as pessoas respeitem o resultado eleitoral, porque nós vencemos as eleições e vamos recuperar esse país", afirmou.

Choro - Lula se emocionou ao falar sobre o compromisso que terá com o combate à fome no país. "Se quando eu terminar esse mandato cada brasileiro estiver tomando café, almoçando e jantando outra vez, eu terei cumprido a missão da minha vida", afirmou, antes de pausar para enxugar as lágrimas. Qual é a regra de ouro deste país? É garantir que nenhuma criança vá dormir sem tomar um copo de leite e acorde sem ter um pão com manteiga para comer todo dia. Essa é a nossa regra de ouro.

Pacificação com o Judiciário - Ele também disse que a ida a Brasília é para pacificar a relação com as instituições, como o Congresso e o Supremo Tribunal Federal. "Vim aqui para visitar as instituições brasileiras e dizer o seguinte: a partir de agora, vocês vão ter paz, porque não vão ter um presidente desaforado querendo intervir na Suprema Corte, na Justiça Eleitoral", declarou. O governo de Jair Bolsonaro (PL), derrotado por Lula na eleição, foi marcado pelos atritos com o Judiciário. O petista criticou o adversário, dizendo que ele tem uma dívida com o povo brasileiro.

"Agora que chegou ao fim, ele ainda não reconheceu a derrota. Seria tão fácil fazer como Alckmin, quando disputou comigo, como eu fiz duas vezes com FHC", disse. "O presidente Bolsonaro tem uma dívida com o povo brasileiro: peça desculpas pela quantidade de mentiras que foram contadas nessa eleição e por duvidar da urna eletrônica". Ele disse ainda que a transição não decidirá nada, mas fará uma "ressonância magnética" da conjuntura. "A partir dessa situação, vamos discutir e tomar algumas decisões para começar o processo de mudança desse país".

Relatório dos militares - Lula aproveitou o evento para comentar sobre o relatório da Defesa em relação à segurança das urnas. Ele classificou o evento como "humilhante e deplorável".

"Ontem aconteceu uma coisa humilhante, deplorável para as nossas Forças Armadas. O presidente da República não tinha o direito de envolver as Forças Armadas a fazer uma comissão para investigar urnas eletrônicas", disse Lula. Vice não é ministro. Lula comentou sobre o papel de Alckmin na transição e disse que ele coordena por não concorrer a cargo de ministro.

"Ele não disputa vaga de ministro porque ele é vice-presidente da República. Qualquer outro que eu colocar 'ah, esse cara é coordenador e vai ser ministro'", disse. A equipe de transição deve anunciar ainda nesta quinta-feira novos nomes, como os membros do setor de infraestrutura.

Reunião com partidos - Hoje, Lula reuniu líderes de 14 partidos no Centro Cultural Banco do Brasil, sede da transição de governo. Estiveram presentes dezenas de deputados federais e senadores do PT e dos partidos aliados no parlamento.

Eles começaram a chegar ao Centro Cultural Banco do Brasil por volta das 9h30. Às 11h, o público presente se reuniu no auditório do CCBB para ouvir uma fala de Lula, Geraldo Alckmin (PSB) e Gleisi Hoffmann (PT).

Demonstração de força - Essa é a primeira reunião de Lula desse porte desde o resultado das eleições. Inicialmente o encontro aconteceria a portas fechadas, mas o evento foi aberto e acompanhado pela imprensa. Lideranças convidadas entenderam o convite como uma forma da dar início ao diálogo entre o governo eleito e o parlamento.

PEC da transição - A PEC que procura abrir espaço no orçamento para o auxílio de R$ 600 no ano que vem foi tema presente nas conversas das autoridades. Hoje, a equipe econômica de Lula deve finalizar uma primeira versão da minuta do texto, que deve ser apresentada ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) nesta tarde.

Relator da CMO (Comissão Mista de Orçamento do Congresso), o senador Marcelo Castro (MDB-PI) afirmou que o texto começará a tramitar pelo Senado, pois há um clima político mais favorável para que a proposta ande com mais "celeridade".

Posteriormente, será encaminhado à Câmara, onde já há proposição semelhante. A expectativa é que o assunto vá direto ao plenário.
A expectativa é que o assunto vá direto ao plenário da Câmara e pule etapas de discussão nas comissões. Para que isso ocorra com velocidade, no entanto, ainda há negociações em curso com o intuito de que parlamentos e membros do governo de transição cheguem a consenso em relação a temas como o Bolsa Família, ações na área de saúde, entre outros.

"O que é importante a gente saber é que o tempo é muito exíguo. E nós temos que ser práticos e objetivos para poder aprovar essa PEC em tempo hábil para a gente fechar o Orçamento e aprová-lo até o dia 16 de dezembro", afirmou Castro.

O relator da CMP explicou que, de acordo com as conversas iniciais, a PEC deve retirar o Bolsa Família do teto de gastos, assim como outras políticas públicas consideradas relevantes na visão do novo governo. "O que foi acertado na conversa que nós tivemos é que viria uma PEC para excepcionalizar o teto de gastos, o Bolsa Família, o adicional de R$ 150 para crianças até 6 anos. Isso dá R$ 70 bilhões. Teriam que recompor o orçamento da saúde, com o Farmácia Popular, saúde Indígena, remédio para vacina etc. Isso daria no mínimo outros R$ 15 bilhões”.

 

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