A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), instaurada na Câmara de Cuiabá para investigar supostos indícios de improbidade administrativa na Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob), ouviu nessa segunda-feira (13.07), Carlos Logulo, representante da empresa Rodando Legal - responsável pelo recolhimento dos carros apreendidos na Capital.
De acordo com a CPI, durante visita surpresa na empresa constatou várias irregularidades, dentre elas: falta de lacre e até a inexistência de imagens dos veículos apreendidos, pátio insalubre e falta de acessibilidade para cadeirantes na recepção.
Sobre os apontamentos da CPI, o empresário Carlos Logufo afirmou que irá adequar falhas encontradas pela CPI da Semob e justificou "o temperamento dos cuiabanos" para explicar a falta de lacre e até a inexistência de imagens dos veículos apreendidos.
“Me parece que o pessoal de Cuiabá é mais bravo que os outros municípios que a gente trabalha porque é recomendado que a gente saia o mais rápido possível. Mas os lacres são feitos assim como as imagens. Caso vocês tenham encontrado algum carro sem lacre isso é devido a chuva. Mas a orientação é para que se mantenha o lacre”, disse o empresário.
O vereador Wilson Kero Kero (Podemos) apontou a demora no atendimento durante o lançamento das apreensões e questionou porque a guia não é gerada dentro do prazo que permite o pagamento no mesmo dia. "Eu já tive lá como contribuinte, oito ou nove da manhã apreendeu veículo, às 5 horas que foram falar de uma emissão de uma taxa, sempre dizendo: o sistema está sobrecarregado, isso significa o que, das 09 horas da manhã às 17 horas, não se emitiu um boleto, para o cidadão pagar, gerando mais um dia de pátio, isso é má fé”, reclamou.
O empresário respondeu que não há esse viés de dificultar para gerar mais uma diária e apontou burocracia do Banco Central: “Eu como contribuinte acho que não é por ai, quero ganhar dinheiro da minha diária do meu reboque, não quero criar mais um conflito, quanto menos eu criar conflito mais eu ganho com quantidade de serviço, mais eu minimizo essa antipatia que minha atividade gera tanto ao contribuinte a ao cidadão".
E acrescentou: “A gente não trabalha dessa forma de criar dificuldade para vender facilidade. O que acontece é que às vezes a operação acontece e o contribuinte é tão rápido em chegar lá que o carro às vezes nem chegou, ele está no meio do caminho. A gente tem que tirar as fotos e inserir dentro do sistema, e o que dificulta mais, é que a partir do ano passado, o banco Central exigiu que a cada boleto pago tem que ser registrado em uma grande ‘câmara de boletos’. Posso afiançar ao vereador Wilson Kero Kero que não há esse viés de dificultar para gerar mais uma diária, muito pelo contrário, isso seria uma afronta”.
Também foi apontado pelo vereador Abílio Júnior (Podemos) indícios de direcionamento que favoreceu a empresa no processo licitatório, bem como questionou porque não é aberto um chamamento público para contratação de um leiloeiro, ao apontar o percentual cobrado de 5% pelo leiloeiro. Ele entregou um documento que aponta possível fraude na licitação das empresas de guincho em Cuiabá. Durante a oitiva, Abílio questionou se o representante tem participação na contratação de outras empresas.
Ao responder, Logulo disse que no passado fez parte do Consórcio Bahia: "a época era a empresa Rodando legal e a Prisma, eu tinha um terço dessas cotas, era outra cotação jurídica, mas, no período da cotação de preço – em 2017, o consórcio Pátio Aracajú não o pertencia, comprada em 2018".
“A nossa empresa não foi à ganhadora do certame de imediato, ficamos em sexta posição, as cinco primeiras foram desclassificadas, logo não houve nenhum favorecimento. Eu só trabalho nesse seguimento, trabalho na Bahia, Aracajú, Pernambuco, Rio Grande do Norte”, afirmou represente da empresa Rodando Legal.
Novas oitivas - O presidente da Comissão, vereador Diego Guimarães (Cidadania) encerrou convocando o servidor Evandro Marcos Paiva Machado, gestor de contrato da Rodando legal, agente operacional, Michel Diniz de Paula, Karoline Valéria Caetano Machado e a pregoeira Magna Rossi. Já o relator, vereador Lilo Pinheiro (PDT) pediu que as oitivas sejam realizada com mais frequência durante a semana para cumprir o prazo: “A partir do dia 20 de agosto será feito a confecção do relatório da CPI, que será apresentado ao final da investigação”, sugeriu.
Empresa - A empresa Rodando Legal responsável pelo recolhimento dos carros apreendidos cobra pela remoção (guincho); R$ 110 para motocicletas, R$ 140 para automóveis e utilitários e R$ R$ 400 para caminhões e ônibus. A diária no pátio é de R$ 49 para motocicletas e R$ 75 para carros. Caso o veículo rebocado não seja retirado do pátio no prazo máximo de 60 dias, o automóvel irá a leilão.
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