Um rascunho feito dentro das dependências do Batalhão do Corpo de Bombeiros, onde ex-secretário de Administração, César Zílio, ficou preso durante 13 dias, acusado de liderar mega esquema de cobrança de propina na gestão do ex-governador, Silval Barbosa (PMDB), foi suficiente para que os delegados responsáveis pelas investigações, batizadas de Operação Sodoma, aceitassem a delação premiada do ex-secretário de Estado. A prisão preventiva dele foi decretada pela juíza Selma Aruuda, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá.
Conforme apurou com exclusividade O Documento, o manuscrito bombástico elaborado por Zílio, no cárcere, saltou aos olhos da equipe que cuida do caso. O homem responsável por centenas de licitações públicas, durante os quase cinco anos da administração passada, anotou em um pedaço de papel sulfite como ele agiu para oferecer ar de legalidade em pregões eletrônicos teatrais, contratos superfaturados e pagamentos milionários a serviços que nunca foram executados pelas empresas contratadas entre os anos de 2010 e 2014.
“É assustadora a engenharia corrupta e sistêmica montada na gestão passada. Os grandes contratos só eram validados após o acerto da propina e a forma de pagamento dela. Com toda certeza, esta delação, vai passar Mato Grosso a limpo e estamos prontos para o desafio”, confidenciou a fonte de O Documento.
Para convencer os delegados, o ex-secretário apontou os setores estratégicos usados na “fabricação” de dinheiro que drenou uma verdadeira fortuna ao grupo político liderado pelo ex-governador, Silval Barbosa.
Segundo a fonte de O Documento, Zílio concentrou os depoimentos dele nos seguintes temas: MT Saúde (hospitais); combustíveis, consignados, cursos profissionalizantes e eventos, tecnologia e inteligência (T.I) e gráficas.
“Já sabemos que por estes caminhos o dinheiro público foi saqueado em grande escala”, revelou a mesma fonte. A partir do momento em que os delegados receberam as anotações de Zílio, o ex-secretário foi escoltado a sede da Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública (Defaz), em três oportunidades.
Conforme prevê a Lei 12.850, no Inciso I do Artigo 3º, a “colaboração premiada", permite entres as partes, a negociação dos parâmetros que beneficiam o delator como a redução de pena, soltura e até o perdão judicial. Mas os benefícios só serão concedidos ao delator, mediante o elevado grau de colaboração que pode impulsionar as investigações.
Foi o caso do ex-secretário. Apenas com o preâmbulo da delação, os delegados da Defaz pediram o relaxamento da prisão dele na 7ª Vara Criminal de Cuiabá. Agora, como contrapartida, Zílio terá três duras tarefas a cumprir. Contar tudo o que sabe aos delegados, apresentar provas e documentos dos fatos narrados nos depoimentos e também, posteriormente, confirmar tudo em juízo (homologação).
“Acredito que os depoimentos dele (César Zílio) vão provar que estamos diante do maior caso de corrupção já instalado em uma unidade da Federação”, avaliou a fonte.
A exemplo da maior operação policial do país que apura crimes do colarinho branco, a “Lava Jato”, a fonte de O Documento não tem nenhuma dúvida que a delação do ex-secretário estadual de Administração, forçará novas fases da Operação Sodoma em Mato Grosso.
“Pelo que ouvi na inicial do acordo, ele (César Zílio) vai contribuir não apenas para levar muita gente à cadeia, mas como também, na recuperação de elevadas somas de recursos públicos. Uma coisa é certa: Nós vamos atrás desse dinheiro que é da nossa população”, finalizou a fonte.
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