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Política Quarta-feira, 19 de Março de 2025, 09:55 - A | A

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agora é lei

Cerimônia indígena em MT é reconhecida como manifestação da cultura nacional

Kuarup é um ritual fúnebre sagrado que mantém viva a cultura e a tradição de diversas etnias do Parque do Xingu

Lucione Nazareth/VGN

A cerimônia do Kuarup, ritual indígena do Xingu, em Mato Grosso, a partir desta quarta-feira (19.03), se torna manifestação da cultura nacional. A informação consta na Lei 15.113/2025 sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

“Fica reconhecida como manifestação da cultura nacional a cerimônia do Kuarup, realizada no Parque Nacional do Xingu, no Estado de Mato Grosso”, diz trecho da norma publicada no Diário Oficial da União (DOU). 

O Kuarup reúne diversas etnias do Alto Xingu e é realizado entre os meses de agosto e setembro no Parque Nacional do Xingu. 

O Ritual 

O ritual ocorre sempre um ano após a morte dos parentes indígenas. Os troncos de madeira, colocados no centro do pátio da aldeia, ornamentados, representam cada homenageado falecido e são o ponto principal de todo o ritual. Em torno deles, as famílias realizam uma homenagem aos entes queridos. 

No primeiro dia de evento, os indígenas realizam as tradicionais pinturas dos troncos e também dos familiares que estão de luto. Ainda na parte da manhã, ocorre a dança dos guerreiros e a Dança Uruá, em que dois indígenas percorrem as casas da aldeia tocando a flauta uruá, que dá nome ao rito. Durante a tarde e até o final do dia, é entoado o canto sagrado Kuarup Maraka. Na ocasião, há a recepção solene das etnias convidadas e a condução dos enlutados para perto dos troncos Kuarup.

No segundo dia de evento, os convidados podem apreciar a tradicional luta chamada Huka Huka. A preparação da modalidade inicia-se na noite anterior, na qual os guerreiros se prepararam, se arranhando com dente de um peixe da espécie "cachorro", passando ervas em toda a pele e pintando seus corpos e cabelo com jenipapo e urucum. Tudo isso com um objetivo: enfrentar seus adversários e, assim, ganhar a luta.

Durante a Huka Huka, os guerreiros jovens se enfrentaram com o objetivo de tocar a coxa do adversário ou derrubá-lo, segurando a sua perna. Ganha quem consegue isso primeiro. Ao final da luta, os ornamentos colocados nos troncos no dia anterior são retirados e entregues às famílias dos mortos homenageados. Em seguida, os troncos são atirados na água para que a alma deles seja liberta.

Após os combates, inicia-se o cerimonial de meninas moças. Nessa parte da festa, as meninas que, até então, estavam em reclusão pubertária pelo período de um ano, são direcionadas aos chefes das aldeias convidadas e oferecem a eles castanhas de pequi. As longas franjas de cabelo, que cobrem todo o rosto, são cortadas um pouco acima dos olhos. A partir daí, em comum acordo com os parentes e, caso se interessem, podem constituir matrimônio.

Ao final do evento, são entregues peixes às etnias convidadas pelas famílias que estão de luto, de acordo com a tradição e como forma de agradecimento. O Kuarup é de suma importância para os indígenas do Xingu, pois ele promove e reforça as relações internas da comunidade; estabelece e fortalece as crenças com aqueles que se foram; e constrói uma imagem e reconhecimento externo, dando maior visibilidade à cultura indígena.

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LEI Nº 15.113, DE 18 DE MARÇO DE 2025

Reconhece como manifestação da cultura nacional a cerimônia do Kuarup, realizada no Parque Nacional do Xingu, no Estado de Mato Grosso.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º Fica reconhecida como manifestação da cultura nacional a cerimônia do Kuarup, realizada no Parque Nacional do Xingu, no Estado de Mato Grosso.

Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 18 de março de 2025; 204º da Independência e 137º da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Margareth Menezes da Purificação Costa

Maria Osmarina Marina da Silva Vaz de Lima

Sonia Bone de Sousa Silva Santos

Alexandre Rocha Santos Padilha

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