O vereador Rafael Ranalli (PL) afirmou que Mato Grosso está refém do crime organizado — e o pior, sem reação à altura. Ranalli defendeu que o combate ao crime precisa ser tratado com uma legislação específica, deixando claro que medidas brandas já não funcionam mais. A declaração foi feita durante a sessão da Câmara de Vereadores desta terça-feira (18.03), após o parlamentar ser confrontado com a “macabra” descoberta de novos corpos enterrados em cemitérios clandestinos no Estado. São 26 vítimas somente neste ano — um número estarrecedor que escancara o avanço do crime organizado diante da inércia estatal.
“Nós somos reféns do crime organizado. Quando eu defendo penas mais duras, é exatamente por isso. Essa foi, inclusive, a última conversa que tive com o governador. Eu apoio, sem titubear, que criemos uma legislação específica para facções criminosas”, afirmou Ranalli.
Ranalli também não poupou críticas aos desembargadores que defendem a manutenção dos “mercadinhos” nos presídios. O alvo o desembargador Orlando Perri, que tem defendido a manutenção dos chamados "mercadinhos" nos presídios do Estado — mesmo após o governo determinar o fechamento desses estabelecimentos.
“Você tem desembargador que defende mercadinho em presídio. Ele defende progressão de pena, defende tornozeleira”, disparou Ranalli.
Leia também- Abilio Brunini aposta na aprovação do projeto de anistia: "Vamos começar a retomar o nosso país"
O vereador deixou claro que a tolerância com o crime organizado, disfarçada de garantismo, é o que está permitindo o avanço dessa violência brutal. E, pelo visto, alguns togados estão mais preocupados em defender as regalias dos criminosos do que em proteger a sociedade.
Quando indagado pelos jornalistas sobre a previsão dessas medidas na legislação, o parlamentar questionou a lei e defende que cabe aos vereadores debater essas questões, mesmo que ultrapassem os limites da esfera municipal.
“Eu questiono a lei. Estamos aqui para isso. Mas o que os nossos deputados federais estão fazendo lá em Brasília? Porque não estão defendendo os interesses da população brasileira e cuiabana? Às vezes, eu entro em alguns assuntos que dizem ‘ah, não é da sua competência’. Mas o nosso eleitorado, o povo cuiabano, precisa ouvir a verdade”, disparou o vereador.
O parlamentar reforçou sua crítica ao mencionar a condenação dos participantes dos atos golpistas de 8 de janeiro. Segundo ele, o governador tem se esforçado para combater o crime organizado, mas a impunidade persiste no sistema judiciário, neutralizando os avanços nas políticas de segurança.
“Eu prendi um traficante uma vez com 200 kg de drogas. Em menos de dois anos, eu prendi o mesmo sujeito de novo! Isso é impunidade escancarada. O governador está tentando com projetos de tolerância zero, o que eu acho que deveria ser ainda mais rigoroso. Mas chega na justiça e o cara pega dois anos de pena, enquanto a moça que pintou uma estátua com batom vai pegar 17 anos e já tem dois anos que não vê os filhos. Isso é justiça?”, criticou.
Entre no grupo do VGNotícias no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).