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Política Quarta-feira, 17 de Julho de 2013, 10:12 - A | A

Quarta-feira, 17 de Julho de 2013, 10h:12 - A | A

Após renúncia na Câmara, cidade de Mato Grosso amanhece 'sem prefeito'

Após eleições de 2012 invalidadas, Juara agora fica sem gestor interino.

do G1 MT

A cidade de Juara, localizada a 690 km de Cuiabá, amanheceu sem prefeito nesta terça-feira (16.07). Devido à invalidação da eleição de 2012, a cidade vinha sendo governada interinamente desde o início do ano pelo presidente do poder Legislativo, vereador Lourival de Souza Rocha (o "Lorão Macarena", do PSD), mas uma ação controversa dentro da própria Câmara Municipal o tirou da condição de presidente e automaticamente o fez perder o poder de prefeito interino. Agora, os pouco mais de 32 mil habitantes correm o risco de passar até uma semana de incertezas na gestão pública, até que tome posse o novo gestor escolhido por meio do voto em eleição suplementar do último dia 7.

Embora complexo, o imbróglio político em Juara tem implicações diretas na vida da população: nesta terça-feira, por exemplo, Lorão afirmou não ter conseguido comprar soro fisiológico para o hospital municipal porque sua assinatura de prefeito interino, involuntariamente, perdeu o valor para os fornecedores. Por enquanto, segundo ele, também devem faltar requisições para abastecer os veículos da prefeitura e para repor os materiais do Programa de Saúde da Família (PSF).

"Só assim mesmo para Juara sair na internet. Hoje, a gente parou tudo. É uma incerteza muito grande. Alegaram que toda ação minha seria inválida", relatou o vereador.

Imbróglio

A "novela" de Juara começou no primeiro dia do ano, quando a Câmara escolheu Lorão como seu presidente.

À época, a disputa interna entre os nove vereadores foi mais acirrada que o de costume, uma vez que não era somente o cargo de presidente em jogo, mas o de chefe provisório do poder Executivo. Isso porque a eleição de 2012 havia sido invalidada: o prefeito eleito Oscar Bezerra (PSB) teve registro de candidatura indeferido por irregularidades cometidas em 2008 (quando ocupava o cargo de prefeito) que o enquadrariam na Lei da Ficha Limpa.

Ao ser escolhido chefe da Câmara Municipal, Lorão prometeu aos colegas que, tão logo tomasse posse o novo prefeito escolhido em eleições suplementares, retornaria ao Legislativo abdicando do cargo de presidente, abrindo uma nova escolha interna entre os parlamentares. O compromisso foi firmado em um documento de renúncia "de gaveta", segundo afirmou Lorão à reportagem do G1.

O tal documento de fato permaneceu "na gaveta" durante todos esses meses, durante os quais a Justiça preparou eleições suplementares. No dia 7 deste mês, o candidato Edson Piovesan (coligação PPS, PMDB e PV) foi eleito novo prefeito de Juara e, segundo ele mesmo informou ao G1 nesta terça-feira, a Justiça o notificou para ser diplomado na próxima terça-feira (23). A partir deste dia, a Câmara poderá lhe dar posse como novo gestor da cidade.

Renúncia involuntária

Para Lorão, o compromisso firmado com os colegas vereadores seria naturalmente cumprido após a eleição suplementar, que contou até com episódio de ataque entre adversários políticos com uso de arma indígena e apreensão do aparelho celular dele mesmo por mensagens políticas ilegais no dia do voto.

Porém, segundo ele, o primeiro secretário da Câmara e colega de partido José Geraldo Rodrigues Neto (o "Zé Moleque") o surpreendeu ao "colocar a carroça na frente dos bois" e ler aquele documento assinado com pedido de renúncia durante a sessão da noite de segunda-feira da Câmara Municipal. Antecipadamente, a leitura da carta na tribuna antecipou a execução do acordo político; involuntariamente, na prática, Lorão pedia renúncia sem saber.

"Ele deve ter feito isso por falta de confiança no grupo, pode ter achado que eu não ia renunciar quando chegasse a hora. Mas agora também não saio mais, vou brigar pela presidência e não renuncio mais ao meu cargo", esbravejou Lorão, que já protocolou na Vara Cível da Comarca de Juara pedido de nulidade da medida tomada pela Câmara - a qual, seguindo o regimento interno, provocou uma vacância no cargo de presidente até a eleição interna dos vereadores na primeira sessão ordinária pós-recesso (5 de agosto).

Por força disso, as únicas alternativas para a gestão da cidade seria que um juiz da comarca assumisse a função de prefeito interino ou que fosse antecipada para esta semana a posse do novo prefeito eleito. Porém, Lorão aposta que a liminar pleiteada na Justiça evitará que o período de incerteza política e de administração municipal comprometida se estenda além desta semana. Por sua vez, o vereador Zé Moleque, que leu a "renúncia involuntária" do prefeito interino, não foi encontrado para comentar o caso; ele não atendeu aos telefonemas da reportagem do G1.

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