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Política Quinta-feira, 11 de Junho de 2015, 08:30 - A | A

Quinta-feira, 11 de Junho de 2015, 08h:30 - A | A

Após desgaste do ajuste fiscal, PT reúne militância para unificar o partido

Setores do partido criticaram publicamente condução da política econômica

G1.com

Após o governo passar por desgaste político em função das medidas de ajuste fiscal propostas para reequilibrar as contas públicas, o PT tentará unir a militância a partir desta quinta-feira (11) em Salvador (BA), no 5º Congresso da legenda.  Embora setores do próprio PT tenham feito críticas públicas à atual condução da política econômica, dirigentes ouvidos pelo G1 saíram em defesa do ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

O 5º Congresso Nacional do PT ocorrerá na capital baiana e vai até o próximo sábado (13). Segundo a legenda, o objetivo central do encontro é "trabalhar uma resolução política que represente o diálogo intenso com a militância e a sociedade para apontar os caminhos de fortalecimento do PT e manter o crescimento do Brasil."

A presidente Dilma Rouesseff, que sofreu críticas de setores do partido pela condução da politica econômica, é esperada para a abertura do evento, às 19h. O discurso de Dilma, segundo agenda oficial divulgada pela Presidência, está previsto para 20h.

Desde o início do ano o governo tem adotado ações voltadas para o ajuste fiscal. Entre elas, foram enviadas ao Congresso Nacional duas medidas provisórias que alteram o acesso da população a benefícios trabalhistas como seguro-desemprego, abono salarial, pensão por morte e auxílio-doença.

Integrante da coordenação política e quadro histórico do PT, o ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, avaliou em entrevista ao G1 que o momento do partido é "difícil" em razão do ajuste fiscal. Ex-presidente da legenda, ele disse que o PT precisa enfrentar "junto" a atual conjuntura política e econômica "complexa".

"É um momento difícil para o partido porque vivemos o desafio, sob o ponto de vista político e econômico, de reorientar o partido, reunificar o partido em torno do enfrentamento da crise econômica, lembrando que o governo não é só do PT, é de muitos partidos. Não podemos, jamais, ter a ilusão de que as teses programáticas do PT são o único vetor para a definição das linhas de governo", disse o ministro.

Defensor de Joaquim Levy, Berzoini disse que o PT não pode confundir o papel de um ministro "capaz e hábil" e imaginar que ele toma decisões "por sua própria iniciativa". Na avaliação do ministro das Comunicações, Levy não pode ser "demonizado" pelo ajuste. Ao longo desta semana, Dilma disse que o ministro não pode ser tratado como "Judas" e o vice-presidente Michel Temer defendeu que o titular da Fazenda seja tratado como "Cristo".

"Seria extremamente inadequado tentarmos, de maneira simplória e superficil, demonizar um ministro que tem uma tarefa difícil como ele, que é a tarefa de fazer o que qualquer ministro da Fazenda deveria fazer, que é conduzir o país diante das variaveis macroeconômicas. Lembrando, sob a orientação da presidenta Dilma", acrescentou.

'Pior momento da história'

Em meio a críticas de setores do PT sobre o ajuste, o líder do governo na Câmara e vice-presidente do PT, deputado José Guimarães (PT-CE), avalia ser "uma imbecilidade" criticar Joaquim Levy. Segundo o deputado, o ajuste é uma uma iniciativa de todo o governo.

Para ele, o PT vive "o pior momento de sua história". Ele acredita que esse desgaste da legenda se dá em razão de uma "campanha pensada e articulada" pela oposição.

"E, também, o partido se afastou em demasia da sua base original. O PT tem que recuperar a nossa base social histórica. O PT tem tudo para não fracassar, desde que supere o momento pelo qual está passando", argumentou.

Tom do evento

Embora alguns setores do PT e pelo menos dois senadores tenham feito críticas públicas à condução da atual política econômica, o vice-presidente da legenda Alberto Cantalice avaliou ao G1 que o Congresso não será um ato contra o ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

Na avaliação de Cantalice, o “tom” do encontro em Salvador será em defesa da taxação de grandes fortunas, medida defendida pelo PT como forma de “equilibrar” as medidas de ajuste fiscal propostas pelo governo que alteraram o acesso da população a benefícios trabalhistas como seguro-desemprego, pensão por morte, auxílio-doença e abono salarial.

“Eu não acredito que o tom do nosso congresso será contra o ministro Levy até porque, na verdade, há uma compreensão majoritária no partido sobre a necessidade do ajuste. O que precisa é calibrar para que os setores das altas rendas também participem do ajuste. A proposta consensual do PT, e o tom do congresso deve ser esse, é a defesa da taxação das grandes fortunas”, disse Cantalice.

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