As mortes decorrentes de intervenção policial tiveram um crescimento substancial em Mato Grosso, sendo considerado “escandaloso” pelo Ministério Público Estadual (MPE). A informação foi dada pelo promotor de Justiça Vinicius Gahyva Martins em entrevista na manhã desta quinta-feira (23.01) na Rádio Cultura FM, aos jornalistas Antero Paes de Barros e Michely Figueiredo.
Gahyva foi questionado por Antero Paes de Barros se existe atualmente em Mato Grosso um novo "esquadrão da morte", grupo de extermínio que existiu no Estado em décadas anteriores. Na resposta, o promotor demonstrou preocupação ao comentar sobre seis ações penais ajuizadas contra 70 policiais militares de diversas patentes e um civil, todos denunciados por integrarem um suposto grupo de extermínio que teria sido montado dentro da Polícia Militar. O caso foi investigado pela Operação Simulacrum, deflagrada em março de 2022 pela Polícia Civil e o Ministério Público Estadual.
Conforme o promotor, eles foram denunciados por participação em seis assassinatos, sendo cinco em Cuiabá e um em Várzea Grande, pelas práticas de homicídios qualificados, duplamente qualificados, organização criminosa sob formato de grupo de extermínio.
Segundo ele, durante o processo de investigação, foi verificado que o índice de intervenção policial nos delitos com resultado morte ou condutas com resultado morte cresceu de forma “alarmante” de 2015 até 2023.
Na entrevista, Gahyva contou que, em 2015, o índice era de 1,18% a cada 100 mortes, subindo para 12% em 2017, 20% em 2018, 25% em 2022, chegando a 34,18% em 2023 – de cada 100 mortes, um total de 34 ocorreram por intervenção policial.
“Em 2023, nós tivemos um índice escandaloso, ao meu modo de ver, de 34,18%. Duas mortes ocorridas naquela região metropolitana mato-grossense, Cuiabá e Várzea Grande. Algo de errado há e que merece uma devida correção e atenção especial do sistema de Justiça”, declarou o promotor, ao cobrar atenção por parte das autoridades públicas.
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