O delegado Marcel Oliveira, Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), afirmou nesta segunda-feira (30.01) que Carlos Alberto Gomes Bezerra [popular Carlinhos], filho do deputado federal Carlos Bezerra, monitorava a ex-mulher Thays Machado, por meio de um GPS instalado no carro da vítima, e também por um aplicativo de geolocalização [instalado no celular dela].
Segundo Marcel, foi por meio destes aplicativos que Carlinhos teria descoberto a localização de Thays Machado e do seu namorado Willian César Moreno, no bairro Consil, na Capital. Eles foram mortos a tiros pelo réu confesso.
Conforme o delegado, foram encontrados 71 prints de mensagens interceptadas por Carlinhos da ex-mulher. O aplicativo de celular teria sido instalado em outubro de 2021 quando eles mantinham o relacionamento.
Nas investigações verificou-se que o suspeito montou uma espécie de planilha de anotações sobre as mensagens e ligações interceptadas pelo aplicativo, separando em cores: laranja, azul e rosa. “Na cor laranja ele marcava como sendo de pessoas que trabalhavam com ela ou prestadores de serviços. Na cor azul eram homens, no qual ele entrava em contato para saber características e do que se tratava a ligação. Já na cor rosa, ele colocava como mulheres na qual não dava grande importância”, explicou o delegado.
Marcel contou que esse monitoramento também era feito por meio das redes sociais, na qual Carlinhos acompanhava quem curtia as publicações da ex-mulher. Ele revelou que uma destas interceptações ilegais fez com que o réu confesso fosse até ao Fórum de Várzea Grande tirar satisfações com colega de trabalho de Thays Machado. O fato ocorreu em agosto de 2022, período em que Carlinhos estava casado com a vítima.
Na ocasião, o servidor do Fórum teria respondido uma mensagem de parabéns [pelo aniversário] de Thays. Carlinhos não teria gostado e foi até o local para tirar satisfações com o servidor. O réu confesso teria agredido verbalmente o colega da então esposa e ainda partiu para cima dele, porém, foi contido por policiais militares que realizam a segurança do órgão. Na época, o servidor registrou boletim de ocorrência contra o filho do deputado - ele foi proibido de entrar no Fórum.
Sobre o GPS instalado no carro da vítima, o delegado disse que o equipamento foi colocado em 2021 no qual monitorava os locais em que Thays frequentava. Em setembro de 2022, foi por meio deste dispositivo que Carlinhos descobriu que a mulher foi com amigos em uma PUB de Cuiabá, ocasião em que jogou o carro contra ela, tentando atropelá-la.
Ainda, sobre as investigações, Marcel relatou que foi verificado em provas técnicas e através de depoimentos das testemunhas, que Carlinhos era “ciumento, possessivo, e não deixava Thays sair com amigos”. “Quando eles saiam, o Carlinhos a ordenava que se sentasse do lado dele para ver com que a mesma estava conversando”, contou.
Ele contou que foi verificado que na madrugada do dia 18 de janeiro [dia do duplo homicídio], que Thays Machado foi com seu namorado Willian César Moreno na Central de Ocorrências de Cuiabá, localizado na Prainha, para denunciar que estavam sendo perseguidos por Carlinhos. Os policiais civis chegaram a avistar o acusado do lado de fora da delegacia e tentaram abordá-lo, porém, o mesmo entrou no veículo e fugiu, não sendo possível verificar a placa do carro.
“Ela na oportunidade decidiu não registrar o boletim de ocorrência. Um policial chegou a ligar para Thays no hotel orientando sobre o procedimento, inclusive sobre pedido de medida protetiva. Mas, ela decidiu fazer o registro depois”, relatou o delegado.
Sobre o mandado de busca e apreensão na casa de Carlinhos, Marcel disse que foi apreendido um livro de armas portáteis semiautomático - um manual de instrução de como usar a arma de fogo. O filho do deputado possui autorização de posse de arma de fogo.
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