A Polícia Civil de Mato Grosso, por meio da Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Informáticos, finalizou o inquérito que investiga as ameaças e tentativas de incriminar e difamar o jornalista Alexandre Aprá, fundador do site Isso É Notícia. Porém, o processo está em sigilo.
Conforme apurado pelo a Polícia Civil abriu inquérito para investigar a contratação de um detetive particular utilizado para forjar flagrantes contra Alexandre Aprá.
O teve acesso a um dos documentos da investigação no qual aponta um suposto envolvimento do gerente de marketing da TV Centro América, afiliada da Globo em Cuiabá, Cícero Mariano de Sá. O documento cita que Cícero seria um suposto “Anjo”, que inicialmente teria sido colocado dentro da ação de espionagem por Ivancury.
Todavia, ao observar os rumos que o trabalho seguia, o “terceirizado” passou a municiar e alertar Aprá do que se formava contra ele. Informações apontam que teria sido a pessoa de “Anjo” que descobriu o plano que consistiria em um flagrante para prender Aprá sob alegação de um falso envolvimento com tráfico de drogas ou pedofilia.
No documento obtido com exclusividade pelo , consta que em 26 de outubro de 2023, Cícero Mariano foi apontado por Ivancury Barbosa como o suposto “Anjo, durante processo de “reconhecimento” na Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Informáticos em Cuiabá. O processo de “reconhecimento” foi conduzido pelo delegado Ruy Guilherme Peral da Silva, e ainda contou a presença do escrivão Fagner Araujo dos Santos.
No termo de “reconhecimento” consta que Ivancury reconheceu que Cícero seria pessoa que praticou “calúnia majorada e outros a apurar, o qual disse ser estatura baixa, cerca de 1,60 m, moreno claro, sotaque nordestino, rosto redondo e sem cicatriz”. No dia do “reconhecimento”, outros quatro homens também participaram do ato, sendo que dois deles são mais altos que Cícero.
Ao , Cícero Mariano confirmou que realmente foi reconhecido na delegacia como a pessoa do suposto “Anjo”, mas negou qualquer envolvimento com o caso de Alexandre Aprá. Ele afirmou que toda a narrativa é “equivocada”, e que desconhece a origem de sua indicação como sendo a pessoa do “Anjo”.
Além disso, ele declarou que apresentou todas as provas de sua inocência no caso, como documentos que comprovam que nos dias citados nas investigações ele estava trabalhando na TV Centro América. “O mais interessante é que não tem nenhum crime atribuído ao Anjo, não sei qual o motivo desta exposição”, declarou Cícero.
Entenda - O caso de Alexandre Aprá ganhou atenção nacional em 2021. Na época, ele acusou o governador Mauro Mendes e a primeira-dama Virginia Mendes de serem os contratantes do investigador. O jornalista chegou a deixar o Estado após denunciar perseguição política pelo governador e sua esposa. Contudo, a defesa do casal Mendes nega as acusações e afirma que a Polícia Federal concluiu que não existe indício de participação do governador na contratação do detetive, bem como, que no depoimento de Ivancury Barbosa à Polícia Civil ele reafirma que não foi contratado por Mauro Mendes e por Virginia Mendes.
“É inverídica a versão de que o detetive IVANCURY teria sido contratado pelo Governador MAURO MENDES e pela Primeira-Dama VIRGÍNIA MENDES, de modo que a disseminação desta informação falsa viola as boas práticas do jornalismo e pode ensejar responsabilização cível e criminal. Há, nesse sentido, decisão judicial determinando ao jornalista ALEXANDRE APRÁ que todas as publicações relacionadas ao tema mencionem a conclusão do despacho n. 4266131/2021 da Polícia Federal (de que não existe indício de participação do Governador na contratação do detetive), bem como o depoimento de Ivancury Barbosa à Polícia Civil (de que não foi contratado pelo Sr. Mauro Mendes e pela Sra. Virginia Mendes), sob pena de multa diária de R$ 1.000,00 (autos n. 1040592-31.2021.8.11.0041 da 11ª Vara Cível de Cuiabá)”, sic nota da defesa do governador.
Operação Fake News - Apesar do encerramento de um inquérito inicial sem indiciamento, Aprá foi posteriormente indiciado em outro inquérito relacionado à "Operação Fake News". Organizações jornalísticas, como a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), manifestaram preocupação com o processo, considerando-o uma forma de perseguição ao jornalista.
Posteriormente, Alexandre Aprá foi indiciado em outro inquérito, instaurado a partir da “Operação Fake News”, deflagrada também pela Polícia Civil.
Nesta terça (06.02), novamente ele é alvo da operação. Agentes revistaram a residência e apreenderam o celular do jornalista com o intuito de apurar crimes de calúnia majorada, perseguição e associação criminosa. Segundo informações, as investigações apuraram condutas reiteradas do investigado, consistente em veiculação de informações, sabidamente falsas, em sites, bem como grupos de aplicativos de mensagens, com o fito de atingir a honra e imagem de autoridades públicas, em verdadeira indústria de desinformação.
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O que diz a Polícia - A Polícia Civil, por meio de nota enviada ao , limitou-se a dizer que as investigações estão em sigilo, e que o inquérito foi concluído e enviado ao Poder Judiciário – confira íntegra no final da matéria.
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