Mais cinco pessoas morreram num tiroteio ocorrido na manhã desta terça-feira, na Favela Nova Holanda, no Complexo da Maré, Zona Norte do Rio. Quatro vítimas - que, segundo a PM, seriam traficantes - chegaram a ser levadas para o Hospital Federal de Bonsucesso, mas não resistiram aos ferimentos. Outro suspeito morreu numa das vielas da comunidade. Assim, aumenta para nove o número de mortos em confrontos na Nova Holanda em pouco mais de 12 horas - uma das vítimas é um sargento do Batalhão de Operações Especiais (Bope). Também na manhã desta terça, um ferido que estava no Hospital Federal de Bonsucesso desde a noite desta segunda morreu.
Um suspeito de ter atirado contra o policial foi preso por volta das 10h desta terça. Até o momento, ele foi identificado apenas como Ezequiel.
Por causa dos confrontos, parte da Nova Holanda está sem luz, pois disparos atingiram postes e transformadores. Ao todo, 400 policiais estão na comunidade. Até às 10h, quatro pessoas haviam sido presas e um menor, apreendido. Houve apreensão de uma arma e drogas.
O policiamento foi reforçado pelo Bope na Nova Holanda na noite desta segunda e segue do mesmo modo nesta terça. As equipes contam com caveirões e até um helicóptero. A explosão de violência na comunidade começou por volta das 18h de segunda, após uma manifestação que começou na Praça das Nações, em Bonsucesso, na Zona Norte, e acabou fechando uma faixa da Avenida Brasil. Bandidos aproveitaram o trânsito lento para fazer um arrastão. Policiais foram para o local e teve início uma perseguição. Os criminosos se refugiaram na Nova Holanda, onde queimaram uma moto.
Na confusão, houve disparo de tiros de borracha. Vinte e três pessoas foram detidas. Os PMs pediram auxílio ao Bope, que entrou na Nova Holanda por volta das 20h30m. Houve intenso tiroteio. O segundo sargento Ednelson Jeronimo dos Santos Silva, de 42 anos, foi baleado e morreu. Ele será enterrado nesta terça à tarde no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na Zona Oeste. Eraldo Santos da Silva, de 41 anos, que era morador, levou um tiro na cabeça e também morreu. Já um suspeito foi morto em confronto com PMs, depois de ser baleado na veia femoral. Com ele teria sido apreendida uma pistola.
Outras sete pessoas ficaram feridas. Quatro permanecem internadas: Robson Maceió Guimarães, de 40, foi baleado na barriga e passou por uma cirurgia; Cláudio Duarte Rodrigues, de 41, foi atingido nas nádegas; Vagner de Lima Marinho, de 23, levou um tiro na virilha; e Alessandro de Oliveira, de 33, foi baleado no ombro. Todos estão em observação no Hospital Federal de Bonsucesso. Segundo a assessoria da unidade, José Everton Silva de Oliveira, de 21 anos, levou um tiro no antebraço, foi operado mas não resistiu e morreu na manhã desta terça.
Já o cozinheiro Djalma Pereira da Silva, de 52 anos, baleado no antebraço, teve alta logo após dar entrada na unidade. O mesmo aconteceu com o policial do 22º BPM William Cordeiro Belo, de 37 anos, atingido por uma pedrada no queixo. Além do Bope, o 22º BPM (Maré) encontra-se nos acessos à Nova Holanda e também homens da Força Nacional de Segurança (FNS). Policiais da Divisão de Homicídios (DH) também estão na comunidade. O objetivo seria fazer a perícia do local onde o morador e o PM foram baleados.
Por conta do grande número de feridos, o Hospital de Bonsucesso pede doações de sangue.
Pedidos de denúncia e pesar em redes sociais
Em seu perfil no Twitter, o Bope pede denúncias à população pelo telefone 2334-3983 e pelo e-mail [email protected]. Informações também podem ser passadas ao Disque-Denúncia pelo perfil @disque_denuncia ou pelo telefone 2253-1177.
Por causa do clima tenso na Nova Holanda, funcionários que trabalham em contêineres próximos à comunidade foram liberados do trabalho nesta terça.
Em seu perfil no Facebook, o Bope postou uma nota de pesar pela morte do sargento: “É com pesar que informamos o falecimento do 2º SGT Ednelson Jeronimo dos Santos Silva, 42 anos, ocorrida na noite dessa segunda feira, 24/06, após ter sido baleado durante operação na Comunidade Nova Holanda no Complexo da Maré. A Unidade foi acionada até o local após criminosos atacarem pedestres e motoristas na Avenida Brasil. O policial tinha 17 anos de serviço na Polícia Militar, sendo 13 deles no BOPE, onde fez todos os cursos da Unidade. Ele deixa esposa e dois filhos.”
Entre no grupo do VGNotícias no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).