O motorista de aplicativo identificado pelas iniciais F.B.S., 34 anos, que transportava o vereador de Várzea Grande, Miguel Angel Claros Paz Junior — conhecido como Dr. Miguel Junior (Cidadania) — no momento da prisão do parlamentar, relatou, em depoimento, que o vereador se recusou diversas vezes a obedecer à ordem de colocar as mãos na cabeça. Segundo o motorista, Dr. Miguel teria dito aos policiais militares: "Não vou colocar a mão na cabeça porra nenhuma".
O caso ocorreu na madrugada de domingo (27), na avenida Historiador Rubens de Mendonça, no bairro Araés, em Cuiabá. Sobre a abordagem, F.B.S. relatou que os policiais determinaram que todos saíssem do carro com as mãos erguidas, mas Dr. Miguel se recusou e demonstrou comportamento bastante alterado. O motorista afirmou ainda que os PMs utilizaram força moderada para conter o vereador.
Não vou colocar a mão na cabeça porra nenhuma”, teria dito o vereador Dr. Miguel Junior aos policiais no momento da abordagem
Questionado se sofreu violência ou presenciou excessos durante a ação, o motorista respondeu que, em sua visão, a abordagem foi de rotina e não houve abusos por parte dos policiais.
Quanto ao suposto gesto obsceno direcionado aos policiais, o motorista explicou que os dois amigos discutiam dentro do veículo e, em determinado momento, um deles fez um gesto com o dedo médio. Ele acredita, contudo, que o gesto tenha sido dirigido ao amigo e não aos militares. "O carro não tem insulfilm; pode ser que os policiais tenham visto e interpretado mal a situação", explicou.
Sobre a corrida, F.B.S. afirmou que faz ponto em frente à boate Valley Pub e foi acionado pelos seguranças para buscar um passageiro que saía pela porta dos fundos do estabelecimento. "Geralmente, quem sai pelos fundos pode estar envolvido em alguma confusão", comentou.
Indagado se o vereador apresentava sinais de embriaguez, o motorista respondeu que sim, relatando que Dr. Miguel estava acompanhado de um amigo e de duas mulheres. "Pelo diálogo entre eles, pareciam ser moças de companhia", declarou.
Vereador negou desacato
Na manhã desta segunda-feira (28), o vereador divulgou uma nota à imprensa negando ter desacatado policiais militares ou tentado se valer do cargo para coagi-los.
Segundo Dr. Miguel, houve apenas uma discussão verbal entre amigos dentro do veículo. Ao avistar viaturas da Polícia Militar, ele teria solicitado ao motorista de aplicativo que parasse o carro.
"Desci do carro de forma pacífica e fui abordado pela Polícia Militar. Apesar da tensão do momento, jamais desrespeitei ou ameacei os policiais", declarou o vereador.
Versão no depoimento
Contudo, em depoimento prestado na delegacia — ao qual a reportagem do teve acesso —, Dr. Miguel relatou que, ao descer do veículo, foi surpreendido com uma arma apontada em sua direção. "Falei que não havia necessidade do uso da arma, pois eu não representava perigo", afirmou.
A prisão
O parlamentar foi preso na avenida Historiador Rubens de Mendonça, no bairro Araés, em Cuiabá, pelos crimes de desacato, desobediência, resistência e tráfico de influência.
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