O ex-secretário de Estado de Educação, Permínio Pinto, prestou nesta segunda-feira (19.08) novo depoimento para esclarecer novos fatos do esquema de fraudes em obras de reforma e construção de escolas que inicialmente estavam orçadas em R$ 56 milhões na Seduc/MT. A ação penal é oriunda da “Operação Rêmora”.
No depoimento, prestado à juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Ana Cristina Silva Mendes, Permínio reafirmou o recebimento de propina na Seduc/MT e que aceitou a participar do esquema porque estava pensando em seu projeto político disputar a Prefeitura de Cuiabá nas eleições de 2016. Ele recebeu cerca de R$ 170 mil no esquema, sendo que grande parte do valor por meio de complementação salarial no valor de R$ 17 mil – na época recebia salário de R$ 13 mil.
O esquema começou em final de março e início de abril de 2015, de acordo com o ex-gestor, ele recebeu dinheiro da propina em algumas ocasiões dentro do carro do empresário Giovani Guizardi, dono da Dínamo Construtora Ltda, e outras vezes na porta de sua (Permínio) casa.
Sobre os pagamentos, Pemínio afirmou que sabia apenas que recebia cerca de 25% do valor da propina arrecadada pelo grupo, mas que desconhecia quem fazia os pagamentos e os valores pagos; como também que deveria ter levantado cerca de R$ 10 milhões para pagamento de dívida de campanha de Pedro Taques (PSDB) nas eleições de 2014.
Permínio negou a participação do ex-deputado federal, Nilson Leitão (PSDB) no esquema. “Na minha delação diversos anexos tratarão sobre o senhor Nilson Leitão, e das vantagens recebidas, mas no caso da Rêmora é um equívoco dizer que tem participação de Nilson Leitão. É uma fantasia. Eu representava a mim mesmo, eu tinha a necessidade de me desmamar politicamente de qualquer outra liderança. Eu trabalhei para ser o candidato à prefeito de Cuiabá”, explicou Permínio.
Segundo ele, pelo fato de Nilson Leitão ter uma relação estreita com ele (Permínio) as pessoas ligaram o ex-deputado no esquema. “Eu não repassei nada a ele diretamente. O que pode ter havido é que eu e ele (Nilson) tínhamos uma relação, uma conta corrente, que ele mesmo definiu, eu devia uns valores para ele, e quando recebi (a propina), eu posso ter realizado frente ao compromisso do Nilson. Ele não tinha conhecimento do esquema na Seduc/MT. Se ele viu partiu de terceiros”, relatou o ex-gestor.
Ele voltou a ressaltar que o esquema se encerrou porque Giovani Guizardi tratava com “truculência” os empresários que pagavam a propina, e porque estava vazando informações sobre o suposto esquema.
O ex-secretário também reafirmou que desconhece a participação do ex-deputado e atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Guilherme Maluf, no esquema, como também valores supostamente repassados ao ex-parlamentar.
Pinto confirmou que parte do dinheiro do esquema foi usado para pagar dívida com o empresário Ricardo Augusto Sguarezi, dono da Aroeira. Conforme ele, a dívida se arrastava desde 2012 com o empresário, porém, ele não soube detalhar os pagamentos pelo fato dos mesmos terem sido realizados por Fábio Frigeri – apontado como “homem de confiança” de Permínio na Seduc/MT.
No depoimento, Permínio disse que outros fatos não podem ser revelados por constar na sua delação premiada, homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e que ainda se encontra em sigilo. Na delação está inserido a devolução de R$ 500 mil por parte do ex-secretário.
Além de Permínio, são réus nesta ação penal da Operação Rêmora, os empresários Alan Malouf e Giovane Guizardi; e os ex-servidores da Seduc/MT, Fábio Frigeri e Wander Luiz dos Reis.
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