Sob o comando do 9º Batalhão da Polícia Militar de Mato Grosso, em Cuiabá, por mais de dois anos, o tenente-coronel Silva Sá alcançou um dos melhores índices de combate à criminalidade no 1º Comando Regional. Enquanto os números de homicídios, roubos e furtos na região do bairro Coxipó caíram consideravelmente nos últimos dois anos, o índice de recuperações de veículos, apreensão de drogas, armas de fogo, prisões por mandado e condução de pessoas para a Polícia Judiciária Civil aumentaram significativamente.
Silva Sá assumiu o comando da unidade do 9º batalhão em setembro de 2021 e, segundo dados fornecidos por ele, os crimes de homicídios caíram 60% entre o período de janeiro a setembro nos anos de 2022 e 2023. Enquanto as apreensões de armas de fogo tiveram um aumento de 53% no mesmo período.
Além disso, as equipes do batalhão recuperaram cerca de 86 veículos roubados ou furtados entre janeiro e setembro dos mesmos anos, representando um aumento de 197% se comparado aos anos anteriores.
Segundo o comandante, além do combate à criminalidade, a unidade policial realiza ações sociais em prol da sociedade que se encontra em estado de vulnerabilidade social, aproximando a população da Polícia Militar.
Apesar do grande trabalho da Polícia, de todas as instituições, um dos assuntos mais questionados nos últimos tempos é sobre a saúde mental dos profissionais que atuam na área de segurança pública, e para o tenente-coronel, uma das melhores saídas é o investimento no profissional, no ser humano que está sob esta farda, na sua qualidade de vida e em sua equiparação à sua importância social.
Silva Sá esclarece ainda que, com os acontecimentos recentes no Estado, em que a saúde mental do policial é colocada em evidência, o alto escalão da PMMT reuniu-se com todos os comandantes da instituição de todas as localidades do estado, passando orientações sobre planejamento e execução de ações em prol dos agentes da segurança pública.
O 9º Batalhão da Polícia Militar atua em 67 bairros de Cuiabá, entre eles, os bairros Tijucal, Parque Cuiabá, Cophema, Santa Terezinha, São Gonçalo, Parque Ohara, Santa Aparecida, Passaredo, Nilce Paes Barreto e Jardim das Palmeiras, com um efetivo de 90 policiais militares distribuídos em equipes do Grupo de Apoio da Polícia Militar, Rádio Patrulha, Patrulha Guardião e equipes motorizadas.
Veja entrevista na integra:
1. Para começarmos, vamos falar um pouco sobre a sua vida pessoal! Como e quando iniciou a carreira militar?
Ten-cel Silva Sá: Iniciei minha carreira militar através da APMCV (Academia de Polícia Militar Costa Verde em VG) em 1999. Na época, tinha concluído um Curso Técnico na ETFMT e estava em busca do meu propósito. Durante uma visita à ETFMT, alunos oficiais esclareceram sobre o CFO (Curso de Formação de Oficiais), e ali percebi o que realmente desejava para o meu futuro. Vi a oportunidade de contribuir para a sociedade e fazer a diferença. Desde então, sempre tive objetivos operacionais e sociais a serem alcançados.
2. Por que escolheu ser Policial Militar?
Ten-cel Silva Sá: Na minha infância, na cidade de Nortelândia, desde 1979, testemunhei muitas injustiças, violência e ganância em uma pequena comunidade onde a ignorância favorecia interesses obscuros. Essa experiência me fez perceber que somente o conhecimento me libertaria de um destino trágico. Eu não tive o privilégio de nascer em berço de ouro, cada dia era uma luta. Quando conheci o CFO aos 19 anos, em Cuiabá, entendi que ali estava a minha oportunidade de contribuir para a sociedade e seguir o caminho que acreditei ser o correto.
3. Quem é o Wanderson Da Silva Sá e quem é o Ten-cel Silva Sá? É possível separar o homem do profissional?
Ten-cel: Não são a mesma pessoa. Não é fácil, e por vezes, não é possível separá-los. No entanto, é importante diferenciá-los. Wanderson da Silva Sá é um pai, um filho, um marido, um irmão e um amigo. Precisa evitar trazer os problemas da vida pessoal para o âmbito profissional. O Tenente-coronel Silva Sá lida diariamente com desafios e estresse em seu trabalho, mas precisa proteger seus entes queridos desses fardos.
4. Há quanto tempo está na PM e quais os batalhões que já comandou?
Ten-cel: Estou na PMMT há quase 25 anos. Iniciei em 1999 na APMCV, estagiei em unidades da Capital e em 2022 comecei minha jornada no interior do estado, comandando unidades em Sinop, Alta Floresta, Juara, Peixoto de Azevedo, Matupá, Porto Alegre do Norte, Água Boa, Confresa e Rondonópolis. Retornei à capital em 2018, onde trabalhei no CIOSP, Ouvidoria da PMMT, Diretoria de Gestão de Pessoas da PMMT e finalmente, em setembro de 2021, reassumi o comando de uma UPM - o 9º Batalhão do 1º CR.
5. Quais, além de segurança pública, são os serviços realizados no 9º batalhão, como ações e programas sociais? Quais são os objetivos deles?
Ten-cel: Inicialmente, gostaria de destacar que o serviço operacional é nossa prioridade, com excelentes resultados em termos de índices criminais. No entanto, vemos oportunidades para enfocar ações sociais. Damos ênfase e fortalecemos nossa Patrulha Guardião, responsável pelos serviços sociais do 9º Batalhão. Criamos o Programa Corrente do Bem do 9º Batalhão, que consiste em ações simplificadas, objetivas e eficientes em prol da sociedade que se encontra em estado de vulnerabilidade social. O programa visa modificar a consciência de nosso público interno, promovendo o bem e aproximando a comunidade da PMMT.
Os objetivos de nossas ações sociais são semear e cultivar a consciência de se fazer o bem, e que a PMMT faz isto de inúmeras formas. São realizadas de formas sistemáticas por nossa Patrulha Guardião, e de forma constante por todos do efetivo do 9ºBPM, sempre havendo a motivação do ser humano a frente de nossas ações, temos talvez por consequência de nossos serviços prestados, excelentes amigos, patrocinadores, parceiros e colaboradores que dão consistência em nossas ações, bem como procuramos dar as devidas providências a cada caso de necessidade social.
6. Quais eram os índices de apreensões e prisões realizados no 9º batalhão antes de você assumir e quais são os atuais índices?
Ten-cel:
Vou apresentar alguns números referentes à média dos anos de 2021/2022 e ao ano de 2023:
- Roubo: queda de aproximadamente 42%, de 168 casos para 98 casos de janeiro a setembro nos referidos anos.
- Furto: queda de aproximadamente 21%, de 531 casos para 420 casos de janeiro a setembro nos referidos anos.
- Homicídio: queda de aproximadamente 60%, de 5 casos para 2 casos de janeiro a setembro nos referidos anos.
- Recuperação de veículos: aumento de aproximadamente 197%, de 29 casos para 86 casos de janeiro a setembro nos referidos anos.
- Apreensão de armas de fogo: aumento de aproximadamente 53%, de 19 casos para 29 casos de janeiro a setembro nos referidos anos.
- Pessoas conduzidas por prisão por mandado: aumento de aproximadamente 32%, de 93 casos para 123 casos de janeiro a setembro nos referidos anos.
- Pessoas conduzidas à PJC: aumento de aproximadamente 17%, de 726 casos para 851 casos de janeiro a setembro nos referidos anos.
7. Quais são as apreensões realizadas com mais frequência?
Ten-cel: Temos como entendimento que os crimes relacionados a entorpecentes são as principais causas de outros crimes, principalmente contra pessoas e propriedades. Portanto, damos maior atenção a essas ocorrências. Somente este ano de 2023, o 9º Batalhão já registrou 174 ocorrências relacionadas a entorpecentes.
8. Com que frequência o Batalhão realiza operações para o combate à criminalidade?
Ten-cel: Realizamos operações diariamente. Nossos serviços, objetivos, planejamento e comprometimento são contínuos. Distribuímos nossos grupamentos, e todos têm metas bem definidas. Existe uma "competição saudável" entre o efetivo da UPM, onde, como comandante, procuro respeitar o perfil e as características de cada policial militar para extrair o melhor de cada um.
9. Quais são as maiores dificuldades da Polícia durante uma prisão, apreensão e operação?
Ten-cel: Nossa legislação criminal e ordenamento jurídico relacionados a crimes estão desatualizados e não refletem a realidade atual. É necessária uma revisão profunda nesse aspecto. Apesar de termos excelentes índices de criminalidade, a sensação de impunidade persiste devido à legislação obsoleta. Sou favorável à transparência, investigação e controle dos órgãos de segurança pública. Nossa legislação comum precisa ser atualizada e ajustada às necessidades atuais.
10. Como os policiais são preparados quando é montada uma operação?
Ten-cel: Os policiais recebem várias instruções relacionadas aos métodos, abordagens e objetivos de cada grupo operacional. O 1º Comando Regional e a PMMT fornecem diretrizes para nossas operações. Cada policial militar deve estar pronto para enfrentar os desafios de sua profissão ao entrar em serviço. A formação inclui tanto aspectos físicos quanto emocionais.
11. Qual é o relacionamento com a tropa e com os outros Batalhões? Existe confiança, irmandade?
Ten-cel: Nosso relacionamento com outras unidades, não apenas os batalhões, é de união em prol da sociedade. A PMMT é a última barreira entre a paz e o caos, e reconhecemos a importância dessa união. Estamos dispostos a sacrificar em benefício da comunidade quando necessário..
12. Como comandante, é possível identificar quando um PM do seu batalhão está com alguma dificuldade ou precisa de apoio de forma geral?
Ten-cel: : Identificar as dificuldades de um policial militar pode ser relativo e pessoal. Alguns expressam suas emoções mais facilmente, enquanto outros têm mais dificuldade. Recentemente, o alto escalão da PMMT se reuniu com todos os comandantes da instituição para discutir ações e estratégias em relação à saúde mental dos agentes de segurança pública. Acredito que, com parcerias, ações e uma postura mais cuidadosa, poderemos obter resultados positivos em breve.
13. Como Comandante de um Batalhão, você acredita que nos últimos tempos a Polícia Militar tem enfrentado mais barreiras psicológicas para lidar com a rotina? Se sim, o porquê? Se não, por que ouvimos falar mais sobre a saúde mental dos Policiais hoje?
Ten-cel: É possível que a Polícia Militar tenha enfrentado mais desafios psicológicos recentemente. A vida do policial militar sempre foi estressante, já que enfrentamos as piores situações da sociedade. Além disso, a cobertura midiática nem sempre reflete a realidade, criando uma sensação de medo na população. Acredito que o reconhecimento profissional seja a melhor solução. Temos uma das polícias mais bem equipadas do país, agora é necessário investir no bem-estar dos profissionais e na sua equiparação à sua importância social.
14. Como lida com os policiais que enfrentam constantes pressões psicológicas por parte da instituição, sociedade e família?
Ten-cel: Todos nós sofremos com isto, motivo pelos quais temos em nossos cursos de formações e qualificações uma carga física e emocional maior e direcionada, por vezes alguns ficam horrorizados com as ações, disciplinas e formas de nossa formação profissional, mas vejo neste prisma como uma necessidade para aquilo que, após formado, o profissional irá conviver.
15. O que você acredita que deveria ser feito para melhorar a saúde mental dos militares?
Ten-cel: São relativas as ações, precisamos pensar na saúde mental da sociedade, logicamente o servidor público, em todas as áreas, faz parte deste “todo”, a mãe que o marido a abandonou após o nascimento da criança com necessidades mentais; ao idoso que seus medicamentos consomem quase que todo seu ordenamento financeiro; a criança que decorrente de seu estado de vulnerabilidade sofreu algum abuso, e por aí vai.
Vejo que somos parte da sociedade, e que nosso país necessita de leis e pessoas que realmente pensem no ser humano, e como agente de segurança pública, externo que há muito a se fazer, mas que sempre, a todo momento… Confie na Polícia Militar do Estado de Mato Grosso, pois fazemos jus a nosso lema de Servir e Proteger!
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