Em época de entrega das declarações do Imposto de Renda é comum ouvir que o Brasil tem a maior carga de impostos do mundo. Essa "informação", aliada à falta de qualidade dos serviços públicos, provoca revolta em correntes a circular pelo Facebook e por e-mail. Mas será que isso é mesmo verdade?
Depende da faixa de renda, diz um relatório da consultoria KPMG. Quem ganha até US$ 100 mil por ano pode dizer que o Brasil tem altos impostos. Estamos em 16º lugar no mundo, à frente da Áustria, Finlândia e Suécia. Essa conta inclui os 27,5% de imposto de renda somados aos 11% pagos em seguridade social ao INSS. Para os mais ricos, com renda de até US$ 300 mil ao ano, a carga diminui e ficamos na 28ª posição. Países como Zimbábue, Peru e Equador cobram mais impostos dessa faixa de renda. Em relação à América do Sul, nossos impostos são baixos: apenas o Uruguai cobra menos taxas de seus cidadãos. O Chile é o recordista, com até 40% de cobrança sobre a renda.
Quando se considera todos os impostos, no entanto, a situação do Brasil muda um pouco. Um ranking da consultoria Price Waterhouse and Coopers (PwC) agrega todas as taxas cobradas em 189 países do mundo e o número de horas trabalhadas para pagá-las. Somos o 30º dessa lista, com uma carga total de impostos de 68,3%. Nela estão incluídos os impostos sobre produtos e serviços que, dependendo do estado, chegam a 25%.
O que esses números significam na prática? O Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário responde: pagamos impostos demais pelos serviços que nos são oferecidos — mas disso você já sabia. Relacionando a quantidade de impostos com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 30 países, o Brasil ficou em último lugar. Ou seja, não temos um índice geral de bem-estar compatível com as taxas que somos obrigados a pagar. Deve ser por isso que somos o segundo país do mundo que mais sonega — atrás apenas da Rússia, segundo o grupo Tax Justice Network. Ou será que nossos impostos são tão altos porque sonegamos tanto?