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Cidades Domingo, 15 de Maio de 2022, 16:41 - A | A

Domingo, 15 de Maio de 2022, 16h:41 - A | A

ESPECIAL VG 155 ANOS

Redeiras do Limpo Grande enfrentam desafios para manter a tradição da arte que se tornou patrimônio cultural de VG

As artesãs experimentam desafios, superam obstáculos e seguem firme produzindo peças que encantam e até seduzem visitantes ilustres

Adriana Assunção

A arte das redeiras passada de uma geração para outra é um dos destaques da cultura várzea-grandense e símbolo tradicional no aniversário de Várzea Grande, que completa neste domingo (15.05), 155 anos de fundação.

A perpetuação da cultura é defendida e praticada pelas redeiras do Distrito do Limpo Grande, que marca o orgulho pela arte exposta nas estampas das redes e nas varandas a exuberante natureza mato-grossense.

Redeiras

Redeiras mantém tradição centenária em VG

A artesã Julia Maria da Silva, 64 anos, por exemplo, diz que aprendeu a arte olhando sua mãe produzir: "à medida que crescíamos fomos aprendendo e produzindo, mas, no início. É uma tarefa que exige técnica, paciência e concentração. Se pegássemos um ponto errado tinha que desmanchar. Hoje em dia, já não sei nem quantas redes eu já fiz. Foram muitas”, diz ela revelando os caminhos e técnica finais da produção final da rede.

Ela conta que a produção de uma rede leva de dois a três meses e atualmente o custo é de R$ 3,5 mil cada: “Quando comecei vendendo rede, eu vendia até por R$ 300 cada, entregamos lá em Cuiabá, depois foi para R$ 600 cada rede. Hoje em dia, vendemos por R$ 3,5 mil e ainda está barato, porque o fio encarece. Esse fio aqui é muito caro, temos que comprar mais de 30 novelos, para uma rede. As vezes temos promoção e baixamos R$100. E assim vai indo”, relatou.

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Mais conhecida como patrimônio cultural e imaterial do município de Várzea Grande, por meio da Lei 4.406, sancionada em outubro de 2018, o trabalho manual feito pelas redeiras foi organizado em associação atualmente representada pela artesã, Jilaine Maria da Silva, filha de dona Júlia.

“A associação é importante porque através dela a gente consegue se unir e ter força para conseguir recursos e trazer melhorias. A gente consegue comprar linha em grande demanda em outros Estados, o custo da matéria prima é muito caro aqui para nós”, relatou Jilaine.

Redeiras

Redeiras mantém tradição centenária em VG

A arte “ganhou o mundo” quando a primeira-dama Virginia Mendes presenteou o herdeiro britânico, príncipe Charles com uma das peças e a habilidade do tear com tamanha beleza conquistou a estilista Martha Medeiros. O presidente da República, Jair Bolsonaro (PL) e o cantor Carlinhos Brown foram presenteados igualmente com a arte de Limpo Grande.

“As nossas redes estão participando junto com uma de nossas artistas que representa as associações de feiras nacionais. Já vendemos várias redes. Inclusive a Prefeitura de Várzea Grande acabou de presentear o cantor Carlinhos Brown com uma rede feita aqui. Além dessas redes, já tivemos várias outras pessoas que foram presenteadas, entre elas, o presidente Bolsonaro. Temos uma rede nossa na Casa Real, que a primeira-dama do Estado, Virginia Mendes levou para o príncipe Charles. Isso é uma honra”, exaltou.

Com a grande procura, as redeiras também conquistaram incentivos para continuar a tecer as tradicionais peças produzidas na comunidade. Segundo Jilaine, atualmente cerca de 45 mulheres fazem parte da Associação de Redeiras Limpo Grande- Tece Arte.

“Nossas redes são obras de arte, essa cultura que atravessa séculos, feita por mulheres abençoadas aqui de Limpo Grande, precisa perpetuar. Não queremos que entre em extinção”, destacou Jilaine.

Entre as mulheres que fazem parte da associação está Luzinei Antonia Pereira, conhecida por Luzi. Deficiente visual, Luzi aprendeu a tecer desde seus 15 anos e se adaptou para superar sua dificuldade.

“Faço pelo tato da mão, é pelos dedos que eu pego pontinho por pontinho e vou fazendo até chegar ao final da carreira. Meus olhos são os meus dedos e o divino Espírito Santo que me guia para fazer tudo isso. Quem me ensinou a tear foi o meu tio Donato já falecido, ele me perguntou, você quer aprender fazer a varanda? Ele disse, vou te ensinar por que você tem força de vontade para aprender “, lembrou.

As artesãs do Limpo Grande têm muitas histórias, entre elas de calotes, mas preferem contar as de superação, fé, “luta” e expor a beleza de Mato Grosso estampada na arte. Elas também se destacam pela união. Cada rede, cada pontinho que dispensou uma máquina tem uma história, tem uma mãe que produziu para sustentar o filho, tem uma comunidade que se uniu para vender rifas com a rede como o prêmio. O desejo de ajudar uma companheira que precisa de cirurgia se manifesta frequentemente, mas acima de tudo. A arte estampada em peças tão belas mostram o DNA de um povo, o DNA de Várzea Grande.

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Redeiras mantém tradição centenária em VG

 

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