Policiais penais que atuam na Cadeia Pública do Capão Grande e no Complexo Penitenciário Ahmenon Lemon Dantas, ambas localizadas em Várzea Grande, denunciam o risco iminente de uma fuga em massa de detentos devido à escassez de pessoal nas unidades. O Complexo Penitenciário Ahmenon Lemon Dantas abriga cerca de 1.100 presos, enquanto a Cadeia Pública está superlotada, com uma média de 250 detentos.
Segundo relatos de um policial penal encaminhados ao nesta sexta-feira (14.07), durante o plantão do último final de semana, apenas seis profissionais foram escalados para realizar o acompanhamento de presos em atendimentos médicos simultâneos, deixando a unidade prisional desfalcada. Segundo ele, essa situação ocorre com frequência.
“Nesse final de semana tinha três recuperandos internados e seis policiais penais a disposição. Acompanhamos a aflição do líder de equipe tentando resolver essa situação, mas é insustentável. Com esses seis que estavam disponíveis para fazer escolta no PS, já é difícil o serviço dentro da unidade, sem é impossível. É desumano essa falta de servidor, chega não ter condições de funcionamento da unidade”, disse um policial penal.
O presidente do Sindicato dos Servidores Penitenciários do Estado de Mato Grosso (Sindspen-MT), Amaury Neves, informou ao que o sindicato já buscou auxílio do Poder Judiciário, do Ministério Público, da Defensoria Pública e da Ordem dos Advogados de Mato Grosso para unir forças e reivindicar soluções ao Governo em relação à escassez de pessoal.
“Agora, diretamente ao Governo já fizemos várias cobranças, a SAAP e da Secretaria de Segurança. A situação está crítica a falta de efetivo está comprometendo praticamente todo serviço dentro da unidade. Até agora, não tivemos nenhuma resposta. Propomos uma ação judicial que tramita no Judiciário e aguarda manifestação do Governo. Durante a semana o pessoal do expediente dá uma força, mas não é suficiente também. Aos finais de semana não tem esse pessoal e acaba ficando somente o pessoal do plantão. O efetivo fica menor ainda”, afirmou Amaury Neves.
Uma das opções sugeridas para resolver a falta de efetivo é o chamamento do concurso de 2016, homologado em 2018 com validade até junho de 2024. Segundo Amaury Neves, falta menos de um ano para expirar a validade do concurso. Ele espera o chamamento de aproximadamente 70 servidores para a região de Várzea Grande.
“Para se fazer um concurso novamente, a nossa carreira demora muito, então, não podemos desperdiçar o concurso de 2016, se ele expirar e não chamar teremos dificuldade para cobrir essa falta de efetivo. Prevendo o chamamento desse pessoal na lista para ser chamado de aproximadamente uma média de 70 servidores achamos insuficiente, mas ajudaria bastante”, sugeriu Amaury.
Segundo Amaury, a sobrecarga de trabalho adoece a equipe: “Eles têm que fazer muito com pouco e acabam adoecendo, se estressando, acabam fazendo toda aquela absorção de demanda, que é grande, para poucas pessoas executar. Sofrem com a saúde mental, problemas psicológicos, então, hão uma necessidade de cobrir a falta de efetivo.”
Outra reclamação diz respeito à estrutura do Complexo Penitenciário Ahmenon, que, desde a sua inauguração, apresenta deficiências, como a falta de um scanner corporal (que facilita a entrada de celulares e armas), scanner para alimentos (a revista é feita no olhômetro), alojamentos precários para os servidores e a necessidade de melhorias nas torres para adequá-las ao trabalho dos agentes. "A parte carcerária exige muito esforço dos trabalhadores da unidade prisional. Não temos a quantidade adequada de aparelhos e equipamentos para realizar as revistas de forma eficaz", declarou Amaury Neves.
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Outro lado - O entrou em contato com a Sesp-MT, porém, não tivemos retorno até o fechamento da matéria. O espaço segue aberto para manifestação.
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