A poluição por microplásticos, partículas plásticas de tamanho reduzido que podem ser encontradas em diversos ecossistemas, tem se tornado uma preocupação ambiental global. Em um estudo recente, conduzido por uma equipe de pesquisadores brasileiros, foi realizada a quantificação dessas partículas no Córrego da Manga, em Várzea Grande, Mato Grosso. O estudo revelou a alarmante presença de microplásticos na água do córrego, demonstrando os impactos negativos do descarte inadequado de resíduos sólidos e da falta de tratamento adequado de efluentes.
O que são microplásticos e por que são perigosos?
Os microplásticos são definidos como partículas plásticas com menos de 5 mm de diâmetro e podem ser gerados de maneira secundária pela degradação de plásticos maiores. Esses poluentes são amplamente distribuídos em ambientes aquáticos, desde oceanos até rios e córregos urbanos, sendo que sua presença pode causar danos significativos à vida aquática e, indiretamente, à saúde humana. Ao serem ingeridos por organismos aquáticos, esses plásticos podem carregar substâncias tóxicas que impactam negativamente o meio ambiente.
A pesquisa no Córrego da Manga
O estudo, liderado pela pesquisadora Danila Soares Caixeta e uma equipe multidisciplinar, teve como objetivo quantificar a presença de microplásticos em três pontos de coleta ao longo do Córrego da Manga, durante o período de estiagem. A pesquisa revelou uma quantidade significativa de microplásticos, especialmente fibras, filamentos e filmes plásticos, em todos os pontos analisados. Os resultados foram alarmantes: no ponto de coleta P1, foram detectadas em média 41,66 fibras por litro de água, 12 filamentos e 4,33 filmes plásticos.
Os efeitos da urbanização e da falta de saneamento
A pesquisa destaca a relação entre o adensamento populacional e a poluição por microplásticos. A cidade de Várzea Grande, localizada na região metropolitana de Cuiabá, sofre com a falta de infraestrutura de saneamento e o descarte inadequado de resíduos, fatores que contribuem para a contaminação dos corpos d'água locais. O estudo sugere que a ação humana, especialmente em áreas urbanas, é uma das principais fontes de microplásticos, principalmente por meio do escoamento pluvial e da fragmentação de plásticos maiores.
Necessidade de ações ambientais urgentes
A abundância de microplásticos no Córrego da Manga evidencia a necessidade urgente de ações para combater a poluição hídrica. O estudo sugere que a criação de políticas públicas voltadas para a gestão de resíduos sólidos e o aprimoramento dos sistemas de tratamento de efluentes podem ser eficazes na mitigação desse problema. Além disso, os pesquisadores defendem o desenvolvimento de campanhas de conscientização para a população, incentivando o descarte correto de resíduos plásticos e o uso de alternativas sustentáveis.
Conclusão: Um alerta para o futuro dos recursos hídricos
Os resultados deste estudo são um importante alerta sobre a poluição por microplásticos nos corpos hídricos urbanos. A equipe de pesquisadores defende que mais estudos sejam realizados em outras regiões de Mato Grosso, visando um monitoramento contínuo da qualidade da água e a implementação de legislações específicas para controlar os níveis de microplásticos em ambientes aquáticos. Sem uma ação rápida e coordenada, a tendência é que o problema se agrave, colocando em risco a biodiversidade local e a saúde humana.
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