O tenente-coronel da Polícia Militar, Marcos Eduardo Paccola, foi preso na noite deste domingo (08.09), em Cuiabá. Conforme o Ministério Púbico, Paccola voltou a acessar o Sistema de Registro de Gerenciamento de Armas de Fogo da Superintendência de Apoio Logístico e Patrimônio da Polícia Militar (PM).
O juiz João Bosco Soares da Silva determinou a prisão preventiva do tenente-coronel, ressaltando que, mesmo em liberdade, por força de ordem de habeas corpus concedida pelo Tribunal de Justiça, o denunciado “continua a realizar atos ilícitos de obstrução da justiça”, conforme informações encaminhadas pela Corregedoria-Geral da Polícia Militar.
Na decisão, também foram estabelecidas medidas cautelares aos acusados 2º tenente PM Cleber de Souza Ferreira, tenente da PM Thiago Sátiro Albino, tenente coronel da PM, Sada Ribeiro Parreira e ao próprio tenente coronel PM, Marcos Eduardo Ticianel Paccola que estão proibidos de acessar ou frequentar os locais de Inteligência, Tecnologia da Informação e Patrimônio Logístico da PM. Também não poderão manter contato com policiais militares que atuam nesses setores e a suas senhas deverão ser bloqueadas.
Segundo MP, o militar promoveu alterações no histórico da arma de fogo de número de série B27551 e número Sigma 896367, vinculada ao boletim reservado 287, em favor do grupo criminoso.
Paccola é suspeito de utilizar do cargo de oficial da PM e expertise em armas de fogo, dentro da polícia Militar do Estado de Mato Grosso, para prestar auxílios para investigados na Operação Mercenários (Organização Criminosa para prática de crimes típicos de grupo de extermínio), fazendo inserir informações falsas no banco de dados da PMMT e falsificando certificado de registro da arma de fogo supostamente utilizada pelo 2º tenente da PM Cleber nos homicídios investigados em inquéritos policiais, todos da Comarca de Várzea Grande.
“Consta nos autos do PIC n. 003/2019/MPMT (mídia digital – fls. 24) que os militares investigados, em atividade e atuando em razão do cargo ocupado no alto escalão da Policia Militar do Estado de Mato Grosso, estariam praticando crimes contra a administração militar, falsificando registros de armas de fogo e embaraçando investigação de natureza militar e civil, com a finalidade de induzir a erro e ocultar a autoria de crimes tipicamente praticados por grupos de extermínio, relacionados à operação Mercenários, bem como poderiam estar manipulando os registros de armas de fogo no sistema da Polícia Militar do Estado de Mato Grosso, com a finalidade de legalizar armas de fogo para o cometimento de outros delitos.” diz trecho da denúncia.
Denúncia - Cinco oficiais da Polícia Militar foram denunciados pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso, na quarta-feira (05), pelos crimes de organização criminosa, embaraço de investigação em três inquéritos, falsidade ideológica, fraude processual e inserção de dados falsos em sistema de informações. Além da condenação pelos crimes praticados, o Ministério Público requereu que, ao final da ação penal, seja decretada a perda definitiva do cargo público dos cinco réus.
Consta da denúncia, que os oficiais militares utilizaram de seus cargos e funções de relevância para fomentar esquema criminoso voltado à adulteração de registros de armas de fogo, mediante falsificação documental e inserção de dados falsos em sistema informatizado da Superintendência de Apoio Logístico e Patrimônio da Polícia Militar.
Uma das armas de fogo que teve o registro adulterado, adquirida por um dos denunciados, segundo o Ministério Público, teve como objetivo ocultar a autoria de sete crimes de homicídios, sendo quatro tentados e três consumados, ocorridos entre os anos de 2015 e 2016, praticados pelo grupo criminoso conhecido como “Mercenários”.
Os promotores de Justiça também apresentam a correlação das ações ilícitas dos denunciados com as investigações da operação “Assepsia”, a partir da análise dos dados extraídos do aparelho celular do 2º TEN PM Cleber de Souza Ferreira, apreendido durante o cumprimento de buscas e apreensões realizadas no âmbito da referida operação.
Segundo o MPMT, em uma das conversas por whatsApp do 2º TEN com a sua namorada, ele manifesta preocupação em resolver duas ocorrências relacionadas à apreensão de uma arma e de 86 celulares apreendidos e escondidos em um freezer localizado no interior da Penitenciária Central do Estado.
Na denúncia, composta de 74 páginas, o Ministério Público discorre sobre sete fatos envolvendo os oficiais da PM que, segundo o MPMT, comprovam a ocorrência dos crimes praticados. A ação penal tramitará na Décima Primeira Vara Criminal da Comarca de Cuiabá
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