O site HelpHer (Ajude ela) foi criado em 16 de outubro de 2016 com o objetivo de ajudar mulheres vítimas de violência doméstica. A ferramenta foi idealizada por Paula Regina Santos, vítima de agressão.
Paula conta que sofreu violência doméstica do ex-marido por quase cinco anos. “Foram idas e vindas, porque quando o relacionamento abusivo acontece, existe sempre o perdão, e novamente aquele ciclo se repete”, admite Paula.
Segundo a idealizadora do site HelpHer, as agressões pioraram quando ela decidiu se separar. “Por ele não aceitar a separação, infelizmente veio a me machucar, ele quebrou o meu maxilar. Foi um período difícil, morava longe da minha família, mas a partir da minha decisão, consegui o apoio dos meus pais, das minhas irmãs, da minha família em si e foi dessa forma que consegui me restabelecer psicologicamente”, relata.
Segundo Paulo a última agressão aconteceu em 30 de junho de 2015, o ex-marido foi preso em flagrante e agora responde o processo em liberdade após pagar fiança. “Eu já tinha feito outros boletins de ocorrência, mas o último foi crucial, o que gerou a prisão dele. Vizinhos escutaram meu pedido de socorro e acionaram a polícia. Graças a eles estou viva e posso contar um pouco da minha história e auxiliar outras mulheres que também passaram ou passam por isso e não têm coragem de denunciar”, acrescenta.
Paula explica que o site HelpHer, tem quatro pilares. É uma plataforma de interesse coletivo e traz nesses pilares a base para que a mulher possa se reestruturar psicologicamente, juridicamente, ter emprego e renda e até mesmo fazer um financiamento coletivo ou ter uma nova oportunidade de recomeço de vida.
A ferramenta possibilita troca de experiências entre as vítimas de agressão. Paula garante que atende a todas as mulheres que procuram o site dando um atendimento inicial necessário, de orientação às mulheres. “Nosso grupo conta com psicóloga, advogada e gestor empresarial para dar orientação na área de emprego e renda”, comenta Paula.
Convidada para ir à cidade de São Paulo, participar de um projeto, Paula teve a oportunidade de conversar com os responsáveis pelo site Kickante, uma plataforma de financiamento coletivo que acolheu o projeto HelpHer. “Dessa forma avaliamos a necessidade real das mulheres e a oportunidade que elas poderiam encontrar na página de financiamento coletivo, para se reestruturar financeiramente com o apoio da família e amigos e até mesmo de conhecidos ou pessoas sensibilizadas com a causa da mulher”.
Por causa da última agressão em que Paula foi atingida no rosto, ela ficou com sequelas e foi diagnosticada com uma disfunção na articulação temporo mandibular (DTM). Para resolver o problema precisará passar por uma cirurgia que custa mais de R$ 7 mil, por isso aproveitou o contato com a Kickante para tentar arrecadar o valor necessário para o procedimento.
A plataforma ganhou visibilidade já nos primeiros meses de funcionamento e em novembro de 2016 foi validado um modelo de negócio para mapear as áreas de risco e promover segurança (MapRisk) durante o startup Weekend Smart Cities, realizado na Arena Pantanal em Cuiabá.
Já em dezembro outro modelo de negócio também ganhou validação por meio do site, o “Você Protegida”, no evento Startup Weekend Women em São Paulo. Esse modelo é um dispositivo de segurança voltado para o público feminino que aciona socorro em caso de emergência por comando de voz.
O próximo passo agora é o lançamento de um aplicativo que também está sendo criado por Paula Regina. “Desenvolvi um protótipo do aplicativo que terá todas as ferramentas necessárias para ligar a mulher vítima de violência aos anjos, que é como eu chamo os voluntários do HelpHer (advogados, psicólogos, gestor empresarial, entre outros voluntários). É uma ferramenta que trará mais facilidade. Todas as mulheres que sofrem com a violência doméstica vão poder ter essa rede de ajuda à disposição”.
Para conseguir seguir em frente e criar o filho de 5 anos, fruto desse relacionamento e também realizar seus projetos, Paula afirma que evita pensar em tudo que passou. “Na verdade, eu busco a imagem do bom pai para o meu filho. Trago para meu filho o lado bom, porque o mal não merece ser comentado em tempo algum, então, se a gente bem soubesse lidar com essa dor, por pior que fosse, mas de maneira ainda silenciosa, para a mulher seria mais válido. Precisamos permanecer em oração para que cicatrize aqui dentro e a gente possa construir uma amizade futuramente. Quem sabe isso se transforme em respeito e carinho, porque de qualquer forma, ele vai continuar presente nas nossas vidas”, conclui referindo-se ao ex-marido.
Atendimentos- Desde que foi criado, em outubro de 2016, o site HelpHer tem apresentado boa aceitação por parte da sociedade. Até o momento são seis (6) mulheres assistidas diretamente, além de outras que receberam orientação pelas redes sociais quando solicitaram ajuda. A plataforma conta também com 19 voluntárias cadastradas espalhadas pelo Brasil, Portugal, Moçambique, Paraguai e Timor-Leste, bem como outras 13 voluntárias interessadas que estão em processo de cadastro. (Com informações do TJ/MT)
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