Uma recente pesquisa publicada na Revista Nacional de Gerenciamento de Cidades investigou as mudanças microclimáticas e a formação de ilhas de calor urbana (ICU) na cidade de Cuiabá. Utilizando sensores de temperatura e umidade instalados em um veículo, acoplados a um sistema de GPS, o estudo analisou 91 pontos da cidade entre os anos de 2011, 2016 e 2019. As medições foram comparadas com dados de referência da estação automática do INMET, localizada na capital mato-grossense.
O estudo classificou Zonas Climáticas Locais (LCZ) em Cuiabá por meio de uma tipologia que leva em conta a cobertura do solo e o tipo de edificação. Entre as principais descobertas do estudo, está a de que as zonas climáticas locais com edificações muito próximas uma das outras e com altura média (LCZ2) tiveram maior influência na intensidade da ilha de calor urbana. Por conta disso, o estudo sugere que é preciso criar limitações para a altura dos edifícios.
Ar mais quente e solo menos permeável
Além do aumento da ilha de calor, o estudo também demonstrou que em 8 anos, entre 2011 e 2019, a permeabilidade do solo de Cuiabá teve queda de 4,85%, podendo estar associado a um aumento de fração edificada de 6,13%. A temperatura do ar também registrou aumento de 5% ao longo dos últimos 8 anos, passando de de 28,40°C para 29,72°C.
O estudo utilizou sensores de temperatura e umidade instalados em um veículo, acoplados a um sistema de GPS, o estudo analisou 91 pontos da cidade entre os anos de 2011, 2016 e 2019.
A pesquisa classificou as áreas estudadas de acordo com o modelo das Zonas Climáticas Locais (LCZ), que categoriza regiões urbanas e rurais com base nas características da superfície e morfologia. As classes LCZ variam conforme a densidade e tipo de edificações, permeabilidade do solo e presença de vegetação.
Evolução da Ilha de Calor
Os resultados mostraram um aumento na intensidade da ilha de calor urbana ao longo dos anos. Em 2011, a diferença de temperatura entre as zonas variava de 1,49°C a 1,66°C, enquanto em 2016 e 2019 os valores médios subiram para entre 2,03°C e 2,42°C, revelando um aumento de aproximadamente 0,70°C em certas áreas da cidade. A LCZ 2, que representa áreas de elevado adensamento de média altura, registrou as maiores temperaturas médias, atingindo 2,42°C em 2019.
Influência do Planejamento Urbano
O estudo também destacou como o planejamento urbano influencia as variações de temperatura. As zonas LCZ 2 e LCZ 4, que correspondem a áreas de maior densidade e construções elevadas, mostraram os maiores valores de ICU. Por outro lado, as zonas com vegetação arbórea densa (LCZ A) apresentaram as menores temperaturas, evidenciando a importância das áreas verdes na mitigação dos efeitos do aquecimento urbano.
Impacto Futuro
O estudo conclui que a expansão urbana e o crescimento de áreas densamente construídas estão diretamente ligados ao aumento da ilha de calor em Cuiabá. No entanto, a preservação de áreas verdes, como parques urbanos, pode atuar como uma importante ferramenta de controle térmico e na melhoria da qualidade de vida dos habitantes.
Os dados obtidos indicam que, sem medidas adequadas de planejamento e expansão sustentável, o fenômeno da ilha de calor urbana continuará a se intensificar, trazendo desafios climáticos e ambientais para a região nos próximos anos.
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