Há mais de três décadas, Arquimedes Amâncio da Silva, 67 anos, um simples carroceiro, iniciava uma tradição que transcenderia o tempo e as adversidades financeiras. A festa anual em honra a Santa Catarina, organizada por ele, tornou-se um evento querido na comunidade, unindo moradores e amigos em momentos de oração e música.
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Mesmo enfrentando limitações financeiras, Arquimedes sempre priorizou sua fé, transformando sua casa em um local de devoção. A festa é marcada por rezas, cânticos e uma atmosfera de comunhão, onde a simplicidade se converte em riqueza espiritual.
Ao longo dos anos, a celebração cresceu, conquistando o coração da comunidade local. Arquimedes, movido por sua devoção, inspira outros a compartilharem desse momento único, destacando que a verdadeira essência da festa vai além de recursos materiais.
A simplicidade do evento contrasta com a profundidade da fé que o impulsiona, criando uma atmosfera acolhedora e familiar. Nestes mais de 30 anos, a festa de Santa Catarina não é apenas uma tradição, mas um testemunho vivo da perseverança e do poder da fé que une uma comunidade.
Arquimedes, o humilde carroceiro, é um exemplo de como a devoção pode superar desafios econômicos, mostrando que, mesmo sem grandes recursos, é possível construir momentos especiais e fortalecer os laços entre as pessoas. A festa de Santa Catarina continua a ser um farol de esperança e inspiração, guiando a comunidade por três décadas de fé inabalável.
LEGADO E FÉ - Aposentado, pai de três filhos e quatro netos, Arquimedes, mantém viva sua fé e devoção a Santa Catarina. Residente em Várzea Grande, Arquimedes promove a tradicional festa, na chácara situada próxima ao linhão da Energisa, no bairro Costa Verde.
Seguindo o legado de seu pai, Arquimedes convida os várzea-grandenses para o evento marcado para este domingo (12.11) que terá início às 8h e se estenderá durante todo o dia. Com a colaboração de devotos voluntários, a festa contará com almoço gratuito e entrada franca, no entanto, as bebidas estarão disponíveis para venda no local. A celebração tradicional incluirá a famosa procissão, a reza cantada e o almoço.
"Comecei dessa forma, a santa era venerada por meu falecido pai. Quando ele nos deixou, eu tinha apenas 8 anos. À medida que cresci, minha mãe me incentivou, dizendo: 'Meu filho, continue a devoção a Santa Catarina de seu pai'. Nossas festas eram realizadas na roça, eram mais simples, mas sempre tínhamos bastante porco, mandioca e banana para servir. Quando viemos para cá, parei de fazer a festa por cerca de três anos. Minha mãe insistiu: 'Meu filho, você tem que rezar para a santa'", destacou o devoto.
Na época em que sua família o instigava a dar continuidade à tradição, o morador de Várzea Grande lembra que chegou a responder de maneira mal-educada à sua mãe. "Eu disse: 'Mamãe, mal temos o suficiente para nós, e você quer que a gente faça uma festa para o povo? Eu não tenho dinheiro.' Minha mãe respondeu: 'Ora, meu filho, é a fé que nos guia'."
Após muita insistência, Arquimedes relata que começou a modesta celebração entre amigos e oferecendo "um porquinho" gratuitamente. "Fiz conforme a vontade de Deus, da minha Santa e da minha mãe. E parece que a santa estava esperando, porque eu não tinha emprego, nem casa, nada para me aposentar. Naquele dia, era só para rezar, mas a turma passou a noite toda se divertindo... Gostaram. Gostaram", lembra.
Ele relatou que a padroeira Santa Catarina atendeu às suas preces e, na semana seguinte, uma pessoa ofereceu condições de pagamento parcelado para adquirir os materiais de construção, um carpinteiro se dispôs a trabalhar nos finais de semana, e outra pessoa lhe ofereceu emprego com registro em carteira.
"Naquele dia, pedi a Deus e me ajoelhei diante de Santa Catarina, e disse: 'Minha santa, se quiser que eu continue minha devoção a ti, então me dê forças para construir uma casa melhor, um abrigo mais digno e um emprego. Pedi, e ela atendeu ao meu pedido. Ela me orientou, e hoje tenho minha casa. Por isso, cumpro minha promessa porque tenho fé”.
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