As escavações no Sítio Conceição, feita por arqueólogos durante um acompanhamento emergencial, trouxeram algumas respostas sobre os primeiros habitantes de Várzea Grande. Através de artefatos encontrados no local, como fragmentos de lâmina de machado polido ou um alisador, utilizado para afiar pontas, será possível confirmar que os primeiros humanos chegaram nesta terra há mais de 13 mil anos.
Classificadas como Ocorrências Arqueológicas, os tesouros obtidos ao longo da escavação serão utilizados para datar a chegada dos povos originários, que, devido ao modo operante de trabalho, conhecido como lascamento, feito através de várias etapas para chegar ao produto final, dito como artefato, são chamados de caçadores-coletores.
O nome se dá ao modo em que viviam, utilizando da caça e coleta de plantas, e, apesar do pouco conhecimento, não eram considerados como povoação, visto que para se tornar uma aldeia, era necessário que a agricultura e a cerâmica estivessem dominadas.
Segundo o arqueólogo Marcio Walter de Moura Castro, 54 anos, coordenador da pesquisa no Sítio Conceição, os trabalhos foram iniciados há 23 dias e deram indícios suficientes para identificar como viviam os primeiros habitantes. Através do material coletado, foi possível constatar que eles utilizavam materiais líticos para exercer suas necessidades, como rochas ou minerais.
“Aqui é um grupo das primeiras pessoas que chegaram na região, conhecidas como caçadores-coletores, que não possuem aldeias. Pois, pelo material encontrado, esse pessoal não conhecia cerâmica e nem a agricultura, porque tem uma questão antiga de que cerâmica e a agricultura meio que caminharam juntos, por exemplo, você só come feijão se for cozido você só vai cozinhar o feijão se você tiver a cerâmica e você só vai fazer uma aldeia se você tiver estoque de comida. Você só faz estoque de comida se você tiver agricultura então assim, só vira uma aldeia depois que o povo dominou a agricultura e a cerâmica. Então essas primeiras pessoas ficavam nômades andando centenas de quilômetros na luta pela sobrevivência”, explicou o arqueólogo.
Além dos artefatos encontrados, os pesquisadores encontraram carvões enterrados, que serão enviados para um laboratório americano chamado Beta Analytic e lá, através de pesquisas, descobrirão há quanto tempo o material está na região, a fim de datar a descoberta e constatar que, de fato, foram humanos que passaram pela região.
VG Notícias
O local onde o Sítio Conceição está localizado é uma Área de Proteção Ambiental (APA), conhecido como Ecótono, onde é possível encontrar vários biomas. Nesta em especial, escolhido pelos primeiros povos da região, consiste no contato entre o Cerrado e o Pantanal, e um pouquinho mais ao norte, a Floresta Amazônica. Explicando o fato dos primeiros habitantes terem escolhido o local para viver.
Após o termino das escavações, os materiais serão encaminhados ao Instituto Homem Brasileiro, em Cuiabá, para serem limpos e classificados. Já o sítio arqueológico, por estar em uma propriedade privada, só será aberto para visitações caso haja uma conversa entre o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e o proprietário. Contudo, estará disponível para pesquisas, se necessário.
A escavação no local começou após o início das obras do Governo do Estado e do Governo Federal na região, para a implantação e melhorias viárias do Contorno Norte de Cuiabá – Lote 1, quando outro arqueólogo averiguou a área e constatou que precisaria de estudos mais avançados. A pesquisa foi paga pelo poder executivo, visto que é de interesse deles que o local seja liberado para terminar a construção da ponte e rodovia.
As obras naquela área foram paralisadas após um comunicado sobre a ocorrência de um impacto causado no cercamento físico do sítio arqueológico, sendo necessária uma vistoria emergencial, onde foi proposto medidas de proteção e mitigação de impactos sobre o Sítio Conceição e seu cercamento físico, visando a sua preservação integral até o início das atividades de Salvamento Arqueológico.
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