por Geraldo Luiz de Araújo*
Temos visto a mídia em geral falar de “fatiamento”, termo usado para definir que nas investigações da operação Lava-jato, o juiz federal Sérgio Moro, do Paraná, não terá exclusividade para processar e julgar todos os crimes praticados contra o poder público.
Moro só julgará aqueles processos que envolvem a Petrobras, os outros relacionados à apuração e desvios de dinheiro público na administração do Partido dos Trabalhadores, que envolvem outras empresas podem ser conduzidos por outros magistrados em outros Estados.
Até compreendemos a preocupação da sociedade em não querer que os processos sejam julgados por outro juiz. É o medo de que termine em pizza, com prescrição, arquivamento sem julgamento do mérito ou outro instituto jurídico que o povo não entende.
Mas a questão seria a sociedade exigir que todos os juízes, de todos os tribunais, um comportamento adequado e justo. Porque temos fatos recentes que levam a sociedade a temer por isso.
Veja o caso do “bode propineiro”, no Amapá, em que um advogado gravou o prefeito alegando que não podia pagar honorários porque já tinha pago o voto de dois juízes para ter uma sentença favorável.
Temos também o caso de um desembargador de São Paulo que soltou traficante preso com mais de 300 quilos de droga e foi afastado de suas funções pelo Tribunal de Justiça.
O que sabemos é que não podemos depositar todas as esperanças em somente um salvador da pátria. Precisamos é de um judiciário atento com as questões sociais e a necessidade de se condenar os corruptos.
O Brasil já não aguenta mais viver sob o manto da corrupção e os poucos que tem coragem de se voltarem contra ela, normalmente sofrem pressão, perseguição, injustiça e calúnia para que desistam da luta.
Veja o caso da aposentadoria do Ministro do Superior Tribunal de Justiça, Joaquim Barbosa, que se aposentou antes do tempo, após a condenação dos envolvidos no mensalão. Gente graúda acabou indo para o presídio, entre eles, o deputado mato-grossense Pedro Henry.
Falando em Mato Grosso, mesmo correndo o risco de cometimento de injustiça, por desconhecimento, ao não citar o nome de alguns, destacamos o trabalho desenvolvido pela juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado de Cuiabá, que já mandou muitos bacanas para o xilindró. O que até outro dia não imaginávamos que seria possível.
Temos o juiz da 58ª Zona Eleitoral, José Luiz Lindote que cassou o diploma de prefeito de Walace Guimarães e seu vice Wilton Coelho, livrando a cidade de Várzea Grande de uma administração corrupta que estava acabando com a cidade.
O juiz-membro do Tribunal Regional Eleitoral, Lídio Modesto, relator dos vários recursos da dupla Walace e Wiltinho que insistem na tentativa de voltar ao comando de Várzea Grande e são impedidos quando mantida a decisão do doutor Lindote.
Portanto, não podemos depender de um juiz somente, como é o caso de Moro na Lava-jato. Imagine se algo acontecer a ele? Será que seu substituto vai dar continuidade ao seu trabalho com o mesmo empenho?
Portanto, o medo dos brasileiros não é pelo fatiamento, mas que não haja justiça com ações protelatórias e o Brasil continue descendo a ladeira.
*Geraldo Luiz de Araújo é advogado e jornalista
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