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Artigos Segunda-feira, 07 de Novembro de 2016, 10:42 - A | A

Segunda-feira, 07 de Novembro de 2016, 10h:42 - A | A

opinião

Cuidar: o verbo dos prefeitos

                                                                                                                                                                     por Luiz Henrique Lima*

Quando imagino um prefeito ou prefeita ideal, penso no verbo cuidar. A maioria dos gestores brasileiros, de leste a oeste, da esquerda à direita, usa muito pouco este verbo. Programas de governo e discursos de campanha estão repletos de outros verbos, que se acredita que são mais atraentes para os eleitores: criar, construir, inaugurar, realizar, ampliar, aumentar (salários e serviços), reduzir (tributos e encargos) etc. etc.

Estou de pleno acordo que há muitas coisas importantes e urgentes para serem realizadas em nossas cidades: obras de saneamento, coleta de lixo, iluminação pública, pavimentação e outras mais. Quase todos os municípios apresentam algum grau de carência de infraestrutura urbana e novos investimentos nessas áreas elevariam a qualidade de vida das pessoas.

No entanto, maior atenção deveria ser dada ao verbo cuidar ou aos seus próximos: conservar, preservar, manter, restaurar, recuperar.

No início do ano, em visita ao Rio de Janeiro, busquei uma praça pública em Ipanema para brincar com meu filho pequeno. Decepção: todos os balanços quebrados, assim como as gangorras. Equipamentos enferrujados e espaços sujos com restos de comidas e dejetos de animais domésticos. A poucos metros dali, canteiros de obras bilionárias integrantes dos investimentos nas Olimpíadas. Uma fração da propaganda gasta com aquelas obras seria suficiente para garantir a conservação dos espaços de convivência urbana.

Sonho com prefeitos e prefeitas que, antes de inventar soluções fantasiosas, se preocupem em cuidar de que o que já existe funcione adequadamente: cuidem dos buracos na pavimentação e da regularidade das calçadas e meios-fios; cuidem que os postes não estejam apagados, os sinais de trânsito não estejam queimados, as placas de sinalização não estejam quebradas e os pontos de ônibus contenham informações sobre itinerários e horários; cuidem que os canteiros estejam sem mato e as praças estejam sem lixo; cuidem que não faltem remédios nos postos de saúde e não faltem professores nas escolas; cuidem do equilíbrio das contas públicas; cuidem que as vagas para idosos e deficientes sejam respeitadas; cuidem que as leis municipais sejam cumpridas, coibindo a poluição sonora e a poluição visual; cuidem que a dívida ativa seja cobrada e a passiva seja contida; cuidem que os órgãos da administração estejam acessíveis e acolhedores para os cidadãos e que todos sejam tratados com respeito e dignidade; enfim, cuidem de suas cidades como quem cuida de sua casa e de sua família. Afinal, ninguém constrói uma piscina na casa se os chuveiros estão entupidos e a cozinha está sem água.

Se forem bons cuidadores, então estarão liberados para inovações visionárias e iniciativas ousadas. Mas se não derem conta do básico, do simples, do trivial, como acreditar em milagres num quadriênio?

O que advogo como filosofia de trabalho para a gestão municipal encontra respaldo nas estatísticas de finanças públicas e na realidade da política fiscal. É notório que em quase cem por cento dos municípios brasileiros é mínima a possibilidade de expansão das despesas públicas.

Em vez de dedicar tanto tempo a fictícios projetos de investimentos sem amparo na realidade econômica, penso que bem mais útil seria priorizar debater como fazer mais e melhor cuidando bem daquilo que já existe em nossas cidades. Fica a sugestão.

Ao mesmo tempo, desejo parabéns e boa sorte a todos os eleitos. Desejo que nos próximos quatro anos seus eleitores se sintam orgulhosos do voto que deram e nunca envergonhados. Desejo exatamente o mesmo aos eleitores dos candidatos que perderam, mas que contribuíram para a vitalidade do processo democrático e a quem também parabenizo. Uma democracia não se constrói apenas com eleições, mas sem elas é impossível.

Cada nova experiência consolida o pluralismo e aprimora nosso aprendizado de convivência pacífica. Respeitar as diferenças e aceitar os resultados é sinal de maturidade e civilidade.

Viva a república!

Viva a democracia!

Luiz Henrique Lima é Auditor Substituto de Conselheiro do TCE-MT

 



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