por Edina Araújo*
O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, é uma data marcada por reflexões, homenagens e, principalmente, por reivindicações. Sim, avançamos muito. As mulheres conquistaram espaços no mercado de trabalho, na política, na ciência e em diversas outras áreas antes dominadas pelos homens. Hoje, temos mais voz, mais representatividade e mais poder de decisão. Mas, apesar desses avanços, o 8 de março ainda é, infelizmente, um lembrete de tudo o que falta ser conquistado — sobretudo no que diz respeito à violência e ao respeito à dignidade feminina.
Porque, mesmo com todas as conquistas, as mulheres continuam sendo vítimas de violência todos os dias. E essa violência não escolhe classe social, nível educacional ou posição profissional. Ela acontece em todas as camadas da sociedade, muitas vezes de maneira silenciosa e disfarçada, começando em detalhes aparentemente inofensivos, como piadas sem graça sobre o comportamento feminino. Para os "espertos" de plantão, essas piadas têm um fundo de humor, mas, para a mulher, é o início de uma desvalorização constante e cruel.
Quantas vezes, diante de um conflito em um relacionamento, a culpa automaticamente recai sobre a mulher? Se o marido está irritado, é porque a mulher não foi compreensiva. Se o casamento não deu certo, é porque a mulher não soube ceder. Se o homem traiu, é porque a mulher não deu atenção suficiente. Esse roteiro é repetido à exaustão, reforçando o papel de submissão que ainda tentam impor às mulheres.
E o pior é quando o ciclo de violência escala. A violência psicológica é uma das mais devastadoras, porque corrói a autoestima e faz com que a mulher duvide de si mesma, muitas vezes se sentindo culpada por algo que nem fez. Mas há também a violência física, que deixa marcas visíveis no corpo, e a violência letal, que tira vidas de forma brutal e impiedosa.
Quantas histórias já ouvimos sobre o homem que, depois de trair, humilhar e fazer a mulher chorar em silêncio por noites a fio, resolve cismar que está sendo traído e despeja sobre a esposa todas as ofensas possíveis? Ou daquele homem que, incapaz de aceitar o fim de um relacionamento, acredita ter direito sobre a vida da mulher e, num ato de egoísmo extremo, a mata? Porque, na cabeça desses homens, a mulher é vista como propriedade — algo que ele controla e descarta quando bem entender.
Apesar dos avanços que comemoramos, ainda há muito a ser conquistado. As mulheres precisam de respeito, proteção e, acima de tudo, de políticas públicas que garantam sua segurança e seu direito de recomeçar. Quando uma mulher decide romper o ciclo de violência, ela precisa de apoio, de um local seguro para se refugiar e de um sistema que a acolha, a proteja e lhe ofereça oportunidades para reconstruir sua vida com dignidade.
O 8 de março não é só um dia para receber flores ou homenagens vazias. É um dia para cobrar ações concretas. Precisamos de leis mais rígidas, de delegacias especializadas com estrutura adequada, de abrigos seguros, de acesso a atendimento psicológico e jurídico. É preciso que a sociedade como um todo entenda que a violência contra a mulher não é uma questão privada — é um problema social que deve ser enfrentado com seriedade e urgência.
Que o 8 de março não seja apenas um símbolo, mas um grito coletivo por justiça, igualdade e, sobretudo, respeito. Porque, mais do que flores, as mulheres querem segurança, liberdade e dignidade para viver.
*Edina Araújo, jornalista e diretora do Portal VGNOTICIAS
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